Deportação de imigrante mexicana abre nova frente na oposição a Trump

Com dois filhos norte-americanos, e depois de duas décadas a viver nos Estados Unidos, Guadalupe García Rayos foi expulsa do país.

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Novas regras da Administração Trump ditaram a expulsão de Guadalupe García Rayos, diz o seu advogado. Na imagem, uma secção fortificada da fronteira com o México Reuters/JOSE LUIS GONZALEZ

Ao fim de 22 anos nos Estados Unidos, a mexicana Guadalupe García de Rayos, que chegou ao país com 14 anos e tem dois filhos com nacionalidade norte-americana, foi deportada na quinta-feira e enviada de regresso ao México. Já há quem olhe para o caso desta mãe de Phoenix (Arizona) como o novo rosto das críticas às novas regras de deportação da Administração Trump.

O El Mundo escreve que García de Rayos foi condenada em 2009, depois de um raide à empresa onde trabalhava em busca de imigrantes ilegais, por possuir documentação falsa. Por este crime, que é frequente entres os imigrantes ilegais para poderem trabalhar, esteve presa seis meses e acabaria por ser condenada à deportação.

Porém, como a mulher de 36 anos não tinha antecedentes criminais, nem representava uma ameaça à segurança pública, as normas da antiga Administração Obama ditavam que a sua expulsão do país não fosse considerada prioritária.

Desde o julgamento, a imigrante mexicana passou a ter de se apresentar a cada seis meses nos serviços de imigração e fronteiras (ICE, na sigla em inglês). Porém, na última visita, já depois de ter entrado em vigor a ordem executiva do Presidente, Donald Trump, que define que seja dada prioridade à deportação de imigrantes ilegais que já tenham condenações, acabou por ser detida.

Depois de uma noite de angústia, em que de nada valeram as súplicas da família, as argumentações dos seus advogados, as manifestações populares à porta da esquadra ou os protestos das autoridades locais – como o do presidente da autarquia de Phoenix, o democrata Greg Stanton  –, Guadalupe acabaria mesmo por ser expulsa do país na quinta-feira.

Ray Ybarra Maldonado, o advogado da mexicana, sustenta que a deportação da sua cliente é uma “consequência directa do novo decreto presidencial” que Donald Trump assinou a 25 de Janeiro. São regras que “não têm nada que ver com a segurança pública” e “têm tudo que ver com a separação de famílias”, afirmou.

O prefeito de Phoenix, Greg Stanton, considerou o caso “uma farsa”, acusando os serviços de imigração de “gastarem a sua energia a deportar uma mulher com dois filhos norte-americanos, que viveu mais de duas décadas no país e que não representa uma ameaça para ninguém”, em vez de se concentrarem em “procurar criminosos violentos e traficantes de drogas”. 

O congressista democrata pelo Arizona, Rubén Gallego, considerou a situação “uma tragédia”. Curiosamente, a primeira detenção de Guadalupe García de Rayos foi ditada durante o mandato do antigo xerife do condado de Maricopa, Joe Arpaio. Arpaio, que ficou conhecido por ser implacável com os trabalhadores indocumentados e se tornou um dos principais conselheiros de Trump para as questões da imigração durante a campanha presidencial.

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