Jerónimo aponta prioridades do PCP para os próximos tempos

Produção nacional, submissão ao euro, renegociação da dívida, controlo público da banca, valorização de salários, legislação laboral e combate à militarização da União Europeia e predomínio da NATO são as prioridades do PCP.

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Jerónimo de Sousa dirigiu a conferência de imprensa na sede dos comunistas LUSA/JOÃO RELVAS

O secretário-geral do PCP reafirmou hoje a "política alternativa, patriótica e de esquerda" sem transigência para com "manobras ou pressões" internacionais, europeias ou internas, incluindo do Governo PS, que "não rompe com a política de direita".

"O PCP prosseguirá a sua intervenção determinada pelo seu compromisso com os trabalhadores, o povo e o país. Tendo presente as possibilidades e a necessidade de dar resposta às suas aspirações e direitos, não iludindo limitações, constrangimentos e contradições resultantes das opções e orientações do Governo PS", afirmou Jerónimo de Sousa.

Em conferência de imprensa na sede nacional dos comunistas, em Lisboa, o líder comunista disse que o PCP vai dar especial atenção a temas como: produção nacional, submissão ao euro, renegociação da dívida, controlo público da banca, valorização de salários, legislação laboral e combate à militarização da União Europeia e predomínio da NATO.

O secretário-geral do PCP sublinhou ainda a importância da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), recusando acompanhar mais "folhetins", e afirmou que o ministro das Finanças responde perante o primeiro-ministro e não aos comunistas.

"Não temos nem deixamos de ter [confiança política em Mário Centeno]. É um membro do Governo que responde ao primeiro-ministro e não responde perante o PCP", disse Jerónimo de Sousa, em conferência de imprensa na sede dos comunistas, quando questionado sobre o último ‘episódio’ relacionado com o banco público e a alegada promessa do responsável pela tutela ao ex-administrador António Domingues sobre a dispensa de apresentar a sua declaração de rendimentos ao Tribunal Constitucional.

Para o PCP, há um "objetivo primeiro e principal - a recapitalização da CGD, colocada ao serviço da economia e das famílias".

"O PSD, por exemplo, que defendia uma privatização da CGD, procura o acontecimento, o facto, este ou aquele elemento. Sem nunca afirmar esse objetivo supremo que tem, vai alimentando os folhetins. Não daremos para esse peditório. Hoje é esse folhetim, anteriormente era as comissões de inquérito, procurando inquinar esse processo de recapitalização", afirmou.

O PSD requereu hoje potestativamente a audição de Mário Centeno na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da CGD.

Jerónimo de Sousa desvalorizou "manobras", "notícias", embora reconhecendo várias "formas como o próprio Governo conduziu o processo, que mereceram da parte do PCP o reparo e a clarificação".

Sobre o facto de a agência internacional de notação financeira Fitch ter mantido o "rating" de Portugal, mas afirmando que o Governo PS é incapaz de fazer reformas, o líder comunista condenou o facto de o país estar "sujeito a opiniões, decisões e imposições externas" e impedido de "afirmar a sua soberania e construir o seu futuro".

"Essa agência de notação, tal como o núcleo dirigente da União Europeia e outras instituições internacionais, não gostam desta solução política e nova fase da vida política nacional. O que os preocupa, fundamentalmente, é o processo de reposição e conquista de direitos com o qual estão em profundo desacordo. Não concordam com a valorização dos salários, defesa dos direitos dos trabalhadores, defesa dos serviços públicos, é isso que os incomoda", criticou.

Para Jerónimo de Sousa, as agências de notação, o “núcleo dirigente” da União Europeia e as agências internacionais "usam sempre o sofisma das ‘reformas' que, traduzindo em miúdos e para os portugueses percebam, significa cortes nos salários, nas pensões, redução da proteção social, mais privatizações".

"Os recados vêm sempre ou por parte do ministro alemão [das Finanças] ou do presidente do Eurogrupo [o holandês Jeroen Dijsselbloem], sempre, mas sempre, esta pressão e chantagem como se fossemos um protetorado que precisasse da opinião e decisão de forças externas", lamentou o líder comunista, acrescentando que "todos esses anúncios, num sentido ou noutro, têm sempre o cutelo sobre o nosso país e o nosso povo".

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