Sarkozy recorre da decisão de o julgar por financiamento ilegal da campanha

Justiça diz que usou facturas falsas para acultar 15 milhões na eleição de 2012. O seu advogado diz que já pagou a respectiva multa.

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Sarkozy perdeu a reeleição em 2012 para François Hollande LUSA/IAN LANGSDON/POOL

O ex-Presidente francês, Nicolas Sarkozy, vai recorrer da decisão judicial de o levar a julgamento por suspeita de financiamento ilegal da sua campanha às presidenciais de 2012, informaram os seus advogados.

Sarkozy é acusado de ter ultrapassado os limites impostos por lei aos gastos na campanha em que tentou a reeleição, face a François Hollande. A Justiça francesa acredita que Sarkozy usou uma empresa de relações públicas, a Bygmalion, para camuflar gastos, que foram atribuídos ao seu partido, a UMP (de centro-direita, agora designado Os Republicanos), em vez de os ligar directamente à sua campanha. O crime é punido com uma pena até um ano de prisão e multa de 3700 euros.

A acusação fala de 15 milhões de euros em gastos de campanha que terão sido ocultados através desta sociedade, graças a um esquema de facturas falsas, que ultrapassaram o limite legal autorizado de 22,5 milhões de euros. O caso forçou a demissão de um líder da UMP, Jean-François Copé.

Enquanto o responsável da Bygmalion, Jérôme Lavrilleux, reconheceu a existência do esquema de financiamento ilícito, os antigos responsáveis políticos têm rejeitado qualquer participação neste esquema. 

Por isso, o que o tribunal pretende apurar é se Sarkozy tinha conhecimento da fraude - porque há vários níveis de responsabilidade nesta fraude. "A autoridade de Nicolas sarkozy, a sua experiência política e o desafio que para ele representava a sua nova candidatura à magistratura suprema tornam pouco credível a hipótese de um candidato desligado da sua campanha, que permitisse que as suas equipas ou o seu partido e dirigetnes agissem em seu lugar", escreve o juiz de instrução Serge Tournaire, citado pelo Le Monde.

Segundo o Le Monde, o juiz Tournaire ordenou o reenvio para tribunal do processo que envolve Nicolas Sarkozy e 13 outras pessoas, como o antigo responsável do UMP, Eric Cesari, e o antigo director de campanha do ex-Presidente, Guillaume Lambert. Mas a decisão do colectivo de juízes não foi unânime, e a defesa de Sarkozy aposta nessa divisão para manter a esperança de evitar o julgamento.

Enquanto o responsável da Bygmalion, Jérôme Lavrilleux, reconheceu a existência do esquema de financiamento ilícito, os antigos responsáveis políticos têm rejeitado qualquer participação neste esquema. 

O advogado do ex-Presidente, Thierry Herzog, disse em comunicado que só um dos dois juízes instrutores do "caso Bygmalion" assinou a decisão de levar Sarkozy a julgamento, um facto que considerou "muito pouco habitual" e que, na sua opinião, "ilustra a inutilidade da decisão". 

Herzog acrescentou que o seu cliente já pagou uma multa depois de o Conselho Constitucional ter chumbado as contas da sua campanha, em Julho de 2013, por ter superado o limite de despesas permitido. Sarkozy pagou então 363 mil euros do seu próprio bolso, enquanto, através de um peditório junto dos militantes e simpatizantes do partido, recolheu a quase totalidade da verba que o Estado lhe tinha pago para gastos de campanha e que o Constitucional o obrigou a devolver.

O jornal francês Le Monde recorda que depois de o ex-Presidente Jacques Chirac, condenado em 2011 a dois anos de prisão  em pena suspensa por um caso relacionado com a criação de empregos fictícios, quando era presidente da câmara de Paris, esta é a segunda vez que um antigo chefe de Estado é julgado em tribunal desde 1958.

 

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