Acordo não trava greve na escola de enfermagem do Minho

Direcção e professores querem que o reitor caucione o entendimento alcançado na semana passada. António Cunha diz que o assunto não é da sua competência.

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jos Joao Silva

Os professores de enfermagem da Universidade do Minho (UM) estão desde esta segunda-feira em greve, protestando contra o que consideram ser a sua utilização como “enfermeiros gratuitos” pelas unidades de saúde onde os seus alunos estão em estágio. A direcção da escola chegou a um princípio de entendimento com os docentes, na semana passada, para pôr fim a esta prática, mas quer que seja validado pelo reitor, António Cunha. Este entende, porém, que a responsabilidade sobre a matéria não é da reitoria.

Sem acordo, a greve pode prolongar-se até 23 de Junho, data em que termina o aviso emitido pelo Sindicato Nacional do Ensino Superior (Snesup). A adesão no primeiro dia foi, segundo fonte sindical, de 100%. Os docentes da escola de enfermagem da UM não fazem greve às aulas, apenas à supervisão de estágios feitos pelos seus alunos em unidades de saúde no âmbito da sua formação. É aqui que está o motivo da discórdia.

Os professores de enfermagem passam 7 a 8 horas por dia em hospitais e centro de saúde de modo a acompanhar os estudantes. Segundo o sindicato, acabam por ser chamados a prestar cuidados de saúde, como “enfermeiros gratuitos” para as mesmas unidades. A situação é “ilegal”, considera o Snesup com base num parecer jurídico. A universidade tem um entendimento diferente.

Na semana passada, depois do pré-aviso de greve emitido pelo Snesup, a direcção da escola de enfermagem da UM chegou a um acordo com os cerca de 30 professores abrangidos pelo problema, aceitando as suas reivindicações. Assim, o acompanhamento dos alunos em formação nas unidades de saúde passaria a ser feitos por enfermeiros que trabalhem nesses locais. O entendimento não é, porém, suficiente para pôr fim à greve.

“O acordo é frágil e pode ser entendido como uma substituição de grevistas, alto que é ilegal e implicaria uma contra-ordenação muito grave por parte da direcção da escola”, explica o presidente do Snesup, Gonçalo Velho. A “única solução” para o impasse seria que o reitor da UM, António Cunha, assinasse um memorando de entendimento com o sindicato e os professores, caucionando o acordo alcançado, entende o mesmo responsável.

O reitor da UM, António Cunha, considera, contudo, que a situação não tem que ser resolvida pela reitoria, mas pela escola de enfermagem. “A questão diz respeito à distribuição de serviço docente e de cargas lectivas. Esse é sempre um assunto que compete à direcção da escola”, defende. O PÚBLICO questionou a presidente da escola de enfermagem da UM, Isabel Lage, sobre o assunto, mas não conseguiu obter uma resposta até ao momento.

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