PCP e BE exigem integração de todos os precários em Outubro

BE quer que trabalhadores de empresas de trabalho temporário e outsourcing também sejam integrados; PCP quer que a experiência dos trabalhadores seja tida em conta nos concursos.

Foto
É na saúde e também na educação as áreas da administração pública em que há mais trabalhadores precários. Rui Gaudêncio

Contabilizadas que estão as situações de trabalhadores precários no Estado, que chegam quase aos 100 mil,  PCP e Bloco de Esquerda (BE) têm ainda algumas exigências. Os bloquistas querem que sejam incluídos nesta contagem os trabalhadores de empresas de trabalho temporário que exercem funções na administração pública central e local e no sector empresarial do Estado. E os comunistas exigem que todos estes trabalhadores identificados sejam integrados em Outubro, o prazo estipulado no orçamento para se iniciar o processo de vinculação dos precários.

No Parlamento, o deputado do BE José Soeiro disse aos jornalistas que esta relatório do Governo peca por deixar de fora a situação das empresas de trabalho temporário e os “falsos casos de outsourcing”, dando como exemplo o sector da enfermagem.

Agora, é tempo de, até ao final de Março, “fazer a verificação das necessidades permanentes que os trabalhadores precários estão a suprir no Estado” para perceber quais são, de facto, os que correspondem a postos de trabalho permanentes. “Não seria aceitável deixar qualquer caso de fora”, avisou José Soeiro.

O deputado bloquista salientou, porém, que este primeiro passo do relatório é importante porque “é um reconhecimento, por parte do Estado, de que há uma ligação laboral”. Questionado sobre se os timings definidos – com a integração dos precários a partir de Outubro, altura das autárquicas – não podem ser lidos como eleitoralismo, José Soeiro disse que isto “não é nenhum favor”, mas antes uma situação em que o Estado “reconhece aos trabalhadores o que é seu por direito”.

Até ao final do primeiro trimestre, o Governo e os partidos que o apoiam no Parlamento vão “desenhar um modelo de integração que não deixe de fora nenhum precário que esteja a desempenhar funções permanentes”. Isso poderá passar por concursos ou pela integração pura e simples dos trabalhadores que chegam ao fim dos seus contratos a termo, disse a deputada Rita Rato, vincando que a maior parte dos quase cem mil precários são precisamente contratos a termo, e que os sectores com mais casos são a educação e a saúde.

Por exemplo, há 1822 trabalhadores nas escolas cujos contratos a termo estão quase a findar – a resolução destes é simples: é só vinculá-los, afirmou a deputada comunista. Rita Rato realçou que este é o primeiro processo de integração de precários na administração pública em 20 anos e insistiu na ideia de que “a um posto de trabalho permanente tem que corresponder um vínculo efectivo”, quer se trate do sector privado ou do público.

A deputada defendeu a necessidade de o modelo de integração ter em conta a experiência de cada trabalhador no seu posto de trabalho e de que os precários sejam todos vinculados em Outubro. “A melhor homenagem é integrá-los o mais depressa possível”, respondeu quando questionada se o assunto não merecia uma cerimónia do Governo.

CDS quer respostas: “quantos, quando e como?”

Já o CDS, pela voz do deputado António Carlos Monteiro, veio criticar o atraso na divulgação do estudo – que devia estar pronto em Outubro do ano passado, como ficara definido nesse Orçamento do Estado – e o facto de não ter em conta a reforma do Estado que o Governo de António Costa disse querer fazer.

O centrista realçou que a questão dos precários é “séria” e admitiu que os vínculos precários na administração pública “são responsabilidade de todos os governos e não apenas de um”. E deixou três desafios à esquerda e ao Governo: questionou PCP e BE se “estão de acordo com os critérios e os números apresentados pelo Governo”, se “serão integrados todos os precários, em que prazo e de que forma”, e como é que o ministro das Finanças vai cumprir a regra de Bruxelas de só entrar um funcionário público se saírem dois dos quadros.

“Se estas perguntas não tiverem resposta clara, a conclusão é que todo este processo é uma encenação”, rematou António Carlos Monteiro recordando outra “encenação do PS para entreter os partidos à esquerda” desta sexta-feira de manhã no Parlamento, ao chumbar as propostas de integração dos professores feitas pelo BE e pelo PCP.

Sugerir correcção
Comentar