A aldeia gaulesa do cinema português volta a Berlim

A 67.ª edição do festival de Berlim recebe Teresa Villaverde, Salomé Lamas, João Salaviza, Diogo Costa Amarante, Gabriel Abrantes, Filipa César. As coisas continuam a mexer no circuito de festivais para o cinema que se vai fazendo entre nós.

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É a prova de que o cinema português é uma espécie de “pequena aldeia gaulesa” que vai resistindo a tudo, e que Berlim é uma cidade acolhedora para os “irredutíveis” lusos: o Festival de Berlim, que terá abertura oficial na quinta-feira e segue até dia 19, recebe este ano uma longa-metragem portuguesa no seu concurso principal, mais quatro curtas na competição Berlinale Shorts, para um total de seis títulos, depois de 2016 ter trazido oito filmes portugueses nas múltiplas selecções de um festival que premiou, em 2012, Miguel Gomes e João Salaviza.

Colo, a sétima longa-metragem de Teresa Villaverde, seis anos depois de Cisne (2011), tem a honra de suceder, na competição oficial, a Cartas da Guerra, de Ivo Ferreira (2016), e Tabu, de Gomes (vencedor do prémio Alfred Bauer em 2012). É também o regresso da realizadora portuguesa ao certame que lhe abriu as portas internacionais, pois a sua primeira longa, A Idade Maior, teve estreia em 1991 na secção paralela não-competitiva Forum. Teresa Villaverde optou por não mostrar Colo à imprensa portuguesa em antecipação à estreia oficial no festival – a decorrer no dia 15, com direito a passadeira vermelha, com cinco sessões públicas entre dias 15 e 19 – e preferiu também remeter quaisquer declarações sobre o filme para depois da projecção à imprensa (na manhã de 15).

A selecção competitiva de curtas Berlinale Shorts recebe as estreias mundiais de Altas Cidades de Ossadas, de João Salaviza (seis passagens entre hoje e dia 19). e Coup de Grâce, de Salomé Lamas (quatro passagens entre hoje e dia 17). Para Salaviza, é o regresso à competição que venceu em 2012 com Rafa, enquanto Salomé, mais conhecida pelos seus trabalhos como documentarista e artista multimedia, faz a sua estreia na ficção com esta curta (ainda a receber os últimos toques de pós-produção à altura do fecho deste texto). A revelação de Coup de Grâce em Berlim coincide com a estreia em Portugal de Eldorado XXI, a longa que a realizadora estreou faz agora um ano no Forum.

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Colo, a sétima longa-metragem de Teresa Villaverde (em competição), é o regresso da realizadora ao festival que lhe abriu as portas internacionais em 1991

O elenco de curtas a concurso completa-se com Cidade Pequena, de Diogo Costa Amarante (quatro passagens entre dias 11 e 16), que teve estreia no Curtas Vila do Conde 2016, e Os Humores Artificiais, de Gabriel Abrantes (seis passagens entre dias 11 e 19), encomendado pela Bienal de São Paulo 2016. Em ambos os casos, são realizadores que já tiveram filmes na competição de curtas de Berlim (As Rosas Brancas no caso de Costa Amarante, Taprobana ou Freud und Friends de Abrantes).

Também de regresso ao certame está Filipa César, a artista multimedia que está há 20 anos radicada na capital alemã e tem repetidamente apresentado projectos nas secções paralelas – é, este ano o caso de Spell Reel, com estreia mundial no Forum (projecção à imprensa dia 12, sessões públicas a 15 e 17). A presença lusa completa-se com duas longas de co-produção luso-brasileira: na competição oficial, Joaquim, de Marcelo Gomes, uma releitura da história de Tiradentes que conta no elenco com Nuno Lopes e Diogo Dória; na paralela Panorama Special, Vazante, primeira longa a solo de Daniela Thomas, colaboradora regular de Walter Salles, com o português Adriano Carvalho num dos papéis principais e som de Vasco Pimentel. E, na secção infanto-juvenil Generation, há uma discreta passagem portuguesa com a curta animada Odd Is an Egg, da norueguesa Kristin Ulseth, co-produzida pela Zeppelin Filmes de Luís da Matta Almeida.

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