Estas são as 21 novas linhas da Carris que vão percorrer Lisboa (veja o mapa)

A empresa de autocarros e eléctricos de Lisboa passa esta quarta-feira para as mãos da autarquia. Uma das promessas de Fernando Medina é a de criar 21 novas carreiras de bairro.

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tiago machado

Duas em Marvila, uma nos Olivais, outra no Parque das Nações. São estas as carreiras que a Carris conta pôr a funcionar já este ano no âmbito de uma rede de bairros que, até 2019, vai levar à criação de 21 novos percursos de autocarros em Lisboa.

O trajecto das novas carreiras (ver mapa) está a ser estudado “há mais de um ano” pela Carris, pela Câmara Municipal de Lisboa e pelas juntas de freguesia, explica ao PÚBLICO Tiago Farias, presidente do conselho de administração da empresa de transportes, que esta quarta-feira passa a ter gestão autárquica.

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Depois de terem sido “trabalhados em detalhe” todos estes percursos, Tiago Farias diz que a Carris está em condições de lançar brevemente as linhas nos bairros da parte oriental da cidade. “São um produto muito interessante porque é uma forma de ligar, nos bairros de Lisboa, os equipamentos principais: o mercado, o centro de saúde, as escolas e, obviamente, as estações onde a rede base funciona.”

Marvila, que Fernando Medina identificou em Novembro como uma das zonas da cidade mais carenciadas de transportes, terá dois percursos. Um vai ligar a Rua do Açúcar, perto da zona ribeirinha, à Rua Eduardo Lapa, passando pelo Parque Urbano do Vale Fundão, por cinco escolas e o mercado, terminando não muito longe da estação de comboios do Braço de Prata. A outra carreira vai ligar vários pontos do bairro de Chelas, passando junto ao Parque da Bela Vista e ao Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL).

Já a carreira dos Olivais vai ser circular, passando perto de quatro mercados, nove escolas, um centro de saúde e as estações de metro dos Olivais, Cabo Ruivo e Encarnação. O trajecto do Parque das Nações ligará a Avenida Marechal Gomes da Costa à parte norte do Passeio dos Heróis do Mar, já junto a Sacavém.

A ideia é que estas linhas funcionem como “um complemento à rede” já existente, acrescenta Tiago Farias. Os autocarros deverão passar duas a três vezes por hora, os bilhetes e passes serão iguais aos da restante cidade e qualquer pessoa poderá andar neles. No entanto, com a ligação a pontos-chave de cada freguesia e às escolas e centros de saúde, as crianças e os idosos estão na linha da frente dos potenciais utilizadores da nova rede. “A população idosa de Lisboa é uma grande fatia, em crescimento, e nós queremos que as pessoas se possam movimentar e que possam ir ao mercado, à farmácia, que possam ir ter com os companheiros ao parque municipal, etc.”, diz Farias.

Trabalho conjunto com freguesias

Indiferente à discussão política sobre a transferência da empresa para a esfera autárquica (ver página ao lado), a equipa de Tiago Farias está a trabalhar no projecto que a câmara definiu. Até 2019, a Carris quer comprar 250 novos autocarros e contratar 220 novos motoristas. “Se a empresa não tiver os meios humanos e tecnológicos de que precisa não consegue fazer um serviço de qualidade ao cliente e não consegue ser mais sustentável e eficiente”, afirma o gestor.

Ainda não há datas para a entrada em funcionamento das restantes carreiras de bairro, até porque é preciso ter novas viaturas para assegurar este serviço. Por outro lado, acrescenta Farias, a Carris quer perceber qual a “reacção que as pessoas têm ao produto” e depois, caso necessário, fazer ajustamentos. “Isto é um trabalho complexo porque envolve debater, desenhar com uma visão integrada, com quem gere o espaço no terreno, que são as juntas de freguesia. As juntas envolveram-se e agora terão de se envolver outra vez para fazer a afinação final.”

E este é o primeiro passo de uma estratégia mais vasta, com a qual a câmara e a Carris querem moldar a mobilidade na capital para o futuro. Já na quarta-feira entram em vigor os novos tarifários anunciados por Fernando Medina em Novembro: passes gratuitos para crianças até aos doze anos e passes a 15 euros mensais para reformados. Brevemente, a intenção é ir mais longe. “Um dos instrumentos mais poderosos para gerir a mobilidade individual é o estacionamento, que está na esfera da câmara. Tudo isto pode ser trabalhado de uma forma muito interessante. No futuro poderá haver um tarifário integrado com estacionamento e posteriormente outro tarifário integrado com o uso de bicicletas”, explica Tiago Farias.

O administrador sublinha que “nos últimos cinco, seis anos, a Carris perdeu muitos dos seus quilómetros, perdeu mais de 700 pessoas, houve uma redução muito grande na oferta e a cidade não se revia nisso”, algo que começa a ser agora revertido. “A coisa mais importante que neste momento se pretende é dar confianças às pessoas de que o futuro é um futuro de crescimento e que vai trazer valor quer para as pessoas que estão na Carris, mas acima de tudo para aquilo que a Carris faz para a cidade e para os seus clientes.”

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