Al Gore remarca cimeira do Clima e Saúde cancelada após tomada de posse de Donald Trump

Cancelada abruptamente pelo CDC depois da tomada de posse de Donald Trump, a Cimeira do Clima e da Saúde volta a ser remarcada. A conferência vai reunir partes interessadas e vai contar com a participação de Al Gore como anfitrião do evento.

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Al Gore num Painel de discussão sobre alterações climáticas em Nova Iorque Reuters/CHIP EAST

A cimeira sobre Clima e Saúde, que fora cancelada após a posse de Donald Trump, vai mesmo realizar-se mas numa outra data, segundo os seus promotores. A plataforma The Climate Reality Project, uma das organizações parceiras do evento, anunciou esta quinta-feira que a cimeira vai decorrer no próximo dia 16 de Fevereiro, em Atlanta, no estado da Georgia e contará com a participação do antigo vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, como anfitrião.

A remarcação da cimeira ocorre depois de um grupo de vozes dentro da comunidade científica ter-se insurgido contra o cancelamento abrupto da cimeira por parte do Centro de Prevenção e Controlo de Doença (CDC sigla americana) dos EUA, após a tomada de posse do presidente Donald Trump.

O receio de sofrer represálias políticas por parte da administração Trump, que se apresenta céptica em relação às alterações climáticas, pode estar na origem desta mudança de planos, segundo o jornal britânico The Independent.

“Actualmente enfrentamos uma política climática desafiadora, mas o clima não devia ser um assunto político”, diz Al Gore que, juntamente com algumas entidades da área, decidiu levar avante uma cimeira sobre o Clima e Saúde que reunisse as partes interessadas.

“Tentaram cancelar esta conferência, mas ela vai para a frente de qualquer maneira”, disse o antigo vice-presidente dos Estados Unidos, fundador e presidente do projecto Realidade Climática.

O prémio Nobel da Paz, de 2007, vai contar com o apoio da Associação Americana de Saúde Pública (APHA, na sigla inglesa), do Instituto de Saúde Global de Harvard, do Centro para a Saúde e Ambiente Global da Universidade de Washington e do ex-director do CDC, Howard Frumkin, assim como The Climate Reality Project, lê-se no comunicado divulgado esta quinta-feira.

No início da semana a E&E News – uma publicação comercial para profissionais da energia e do meio ambiente - divulgou na sua página oficial que o CDC cancelou discretamente a cimeira através de notificações enviadas por correio electrónico aos participantes.

Ed Maibach, um dos oradores da cimeira cancelada e director do Centro de Comunicação para as Alterações Climáticas da Universidade de George Mason mostrou-se frustado com o sucedido. “Política é política, mas proteger a saúde dos cidadãos é uma das mais importantes obrigações do nosso governo para connosco”, disse em declarações ao site The Verge.

Por sua vez, o CDC alegou que tinha iniciado o processo de notificação dos participantes a 22 de Dezembro de 2016. Negou o cancelamento da cimeira, justificando que a tinha apenas adiado.

“Estamos a estudar opções de remarcação da reunião, tendo em conta as prioridades de orçamento para o ano fiscal de 2017”, assegurou Bernadette Burden, a porta-voz do CDC ao Huffington Post (HP). A análise inclui “a actual continuação da resolução e a potencial sobreposição com a conferência da APHA sobre o mesmo tema, que será realizada ainda em 2017”, acrescentou a porta-voz.

Durante a administração Obama, o CDC começou a olhar para a alteração do clima como uma matéria de saúde pública. Trabalhou em estados e cidades para falar sobre problemas de saúde relacionados com a vaga de calor e a poluição.

Depois de Al Gore ter perdido as eleições presidenciais, há 17 anos, o prémio Nobel da Paz tem-se dedicado a chamar a atenção para as ameaças das alterações climáticas. Foi responsável pelo documentário An Inconvenient Truth ("Uma Verdade Inconveniente"), e a sequela, segundo The Independent, está prevista para este ano.

Actualmente luta para consciencializar as pessoas para as questões relacionadas com as alterações climáticas e com as consequências do aquecimento global. Há estudos que indicam que a alteração do clima pode pôr em causa meio século de avanços científicos na saúde, já que há mais pessoas a sofrerem problemas de saúde relacionados com ondas de calor, secas e inundações, salienta o HP.

As alterações do clima são consideradas uma ameaça à saúde devido às temperaturas elevadas que ajudam a potenciar vírus como o Zika, além de outras ameaças públicas. Al Gore acredita que “não nos podemos dar ao luxo de perder mais tempo” e que é fundamental que “os profissionais de saúde” tenham acesso ao melhor que a ciência pode ter para “proteger o público”.

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