Santander contra nacionalização do Novo Banco

Em 2016, os resultados líquidos do Santander Totta subiram 35%, para quase 400 milhões. Em 2017, a filial portuguesa do grupo espanhol Santander deverá promover a saída de cerca de 200 trabalhadores.

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António Vieira Monteiro, presidente do Santander Totta Rui Gaudêncio

O banco espanhol Santander Totta encerrou o exercício de 2016 com lucros de 395,5 milhões de euros, mais 35,8% do que o valor apurado no ano anterior. A informação foi revelada esta quarta-feira numa conferência de imprensa, em que o presidente da filial portuguesa do grupo espanhol Santander se declarou contrário à nacionalização do Novo Banco e desvalorizou o contributo do Banif para os resultados anuais.

Inquirido sobre se concordava com a possível nacionalização do Novo Banco, o presidente do Santander Totta, Vieira Monteiro, foi categórico a afirmar: "A nossa posição é clara: somos contra a nacionalização [do Novo Banco].” E apresentou algumas razões. Uma delas é o facto de não estarem determinados os custos associados à operação, que podem disparar “muitíssimo”, como demonstra a “experiência” [BPN]. Por outro lado, acrescentou, já havendo a CGD, não se justifica ter mais um banco público. “O que irão fazer os dois? Não percebo...” E, por isso, considera prematuro falar da solução, que admite poder causar “alguma distorção na concorrência”.  

Sobre a venda do grupo liderado por António Ramalho, em termos que podem não ser os mais favoráveis para o sector [que detém o Fundo de Resolução], Vieira Monteiro sublinhou que desconhece as propostas e “as condições” em que decorrem as negociações, pelo que “é ainda cedo para dizer que pode haver prejuízos": "Se calhar pode não haver prejuízos para o Fundo de Resolução [o vendedor do Novo Banco].”

“O Banco Santander disse a partir de certa altura que não estava interessado” em comprar o Novo Banco. “Mantemos essa posição”, referiu Vieira Monteiro, interrogado sobre a possível compra da instituição concorrente.

Confrontado com o impacto nas contas da compra do Banif, concretizada em Dezembro de 2015, Vieira Monteiro explicou que a operação bancária contribuiu, até Outubro de 2016, com um lucro “de 12 milhões de euros [incluídos no bolo de 395,5 milhões]”, ou seja, cerca de “um milhão de euros por mês. “ A partir de Outubro deu-se a integração plena do Banif no Santander “ e "já não há nenhuma distinção”.

Com a absorção do Banif, transitaram para o Santander 1100 trabalhadores, disse Vieira Monteiro, salientando que os 200 colaboradores que em 2016 deixaram o grupo eram quadros dos dois bancos. Vieira Monteiro admitiu que, em 2017, o Santander deverá promover a saída de mais 200 pessoas.

O Santander Totta justifica a subida dos lucros de 2016 em 35%, e que totalizaram 395,5 milhões de euros, não só com a compra da operação “boa” do Banif, mas sobretudo devido à subida em termos homólogos da margem financeira – a diferença entre os juros que o banco recebe pelos créditos que concede e os juros que paga pelos seus financiamentos [designadamente os depósitos que remunera] – em 31%, para 731,7 milhões de euros, e das comissões líquidas em 16,1%, para 305,7 milhões de euros.

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