Marcelo: "Sou o primeiro a estar habituado às críticas"

Presidente da República recusa "presidencialização" do sistema político e diz ter "interpretação muito comedida dos poderes presidenciais".

Foto
O Presidente do República desvaloriza as críticas à sua "hiperactividade" LUSA/MÁRIO CRUZ

Um ano depois de ter vencido as eleições, Marcelo Rebelo de Sousa desvaloriza as críticas à sua "hiperactividade" e garante que tem “uma interpretação muito comedida dos poderes presidenciais". Em declarações ao Diário de Notícias, o Presidente da República afirma ainda que, como ex-comentador, está habituado às críticas.

Marcelo rejeita que a ideia de que sua acção esteja a conduzir a uma "presidencialização" do sistema político. "É um bocadinho porque as pessoas se esquecem do que a Constituição diz e se esquecem da prática presidencial quando se olha para a minha intervenção, em termos comparados com outras intervenções mais brilhantes mas também mais expansivas dos poderes presidenciais de vários presidentes", afirmou Marcelo, argumentando que tem "uma interpretação muito comedida dos poderes presidenciais"

Não obstante, Marcelo sublinha que isso não significa que “não esteja atento, não esteja operacional, não esteja vigilante, não esteja interveniente". Ao jornal, o Presidente da República lembra a preocupação “natural” de “um Professor de Direito Constitucional”, que conhece os limites da “presidencialização” do sistema político.

Apesar de rebater estas críticas, Marcelo diz conviver bem com elas. "Se eu próprio, como comentador, critiquei quem intervinha na política, sou o primeiro a estar habituado às críticas. Faz parte da lógica da política estar submetido, sujeito às críticas. É natural", acrescenta Marcelo.

Sobre a actual polémica quanto ao acordo de concertação social e a descida da TSU [Taxa Social Única], o chefe do Estado desvaloriza a tensão. “Em cada momento as pessoas acham que é o princípio e o fim do mundo, não é? Faz parte da lógica da política de repente haver momentos em que se considera que o mundo acaba no dia seguinte ou daí a oito dias", analisa.

Ao DN, o Presidente da República recordou ainda os primeiros meses de Governo, com muito mais “atritos” e acredita que haverá acordo de concertação social. Quando assumiu a presidência, Marcelo “estava preocupado porque era uma situação muito dividida que havia na política portuguesa e na sociedade portuguesa, um grande conflito”, confessa. “As feridas estavam muito abertas ainda, depois da sucessão de dois governos e, por outro lado, estava preocupado porque não sabia se seria possível cumprir os compromissos internacionais, nomeadamente em matéria financeira."

Os meses mais complicados neste primeiro ano de mandato foram, crê, “na transição da Primavera para o Verão”. Depois disso “as coisas foram indo ao lugar”.

“O país teve vários triunfos importantes, do Euro, tivemos o triunfo da eleição de António Guterres, tivemos o sucesso da cimeira digital. Várias coisas começaram a correr bem, a execução financeira começou a correr bem, pouco a pouco começou a pôr-se no lugar o conjunto de peças do puzzle bancário, foi possível fazer aprovar dois orçamentos, Era uma emoção de cada vez que se falava do orçamento, o primeiro foi ainda mais complicado que o segundo em termos de negociações e, portanto, o saldo [deste primeiro ano] ultrapassou as expectativas iniciais", conclui o Presidente da República.

Sugerir correcção
Comentar