Em Lisboa, a resistência a Trump uniu sexos, famílias, Clinton e até figuras da Disney

Mais de 300 manifestantes concentraram-se junto à embaixada dos EUA. Para Marisa Matias, a resistência das mulheres não é a única necessária face ao novo Presidente, mas este movimento promovido à escala mundial "é um excelente exemplo".

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Marcha em Lisboa Miguel Manso
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Marcha no Porto Nelson Garrido
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Mulheres e homens uniram este sábado as vozes em Lisboa para protestar contra o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e integrar um movimento global que mobilizou manifestações em mais de 80 países em todo o mundo.

A iniciativa Marcha das Mulheres, que teve origem em Washington, acontece um dia depois do controverso multimilionário ter prestado juramento como 45.º Presidente dos Estados Unidos e pretendeu ser um protesto contra o novo inquilino da Casa Branca e os comentários sexistas e misóginos que proferiu durante a campanha presidencial.

A promoção da igualdade de direitos para as mulheres e da defesa de grupos marginalizados foram outras das motivações do protesto.

Entre os mais de 300 manifestantes – incluindo vários norte-americanos residentes ou de passagem por Portugal – que se concentraram junto da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa uma dupla "inesperada": uma mulher e uma criança exibiam, lado a lado, uma máscara com a cara da candidata presidencial democrata derrotada Hillary Clinton e outra com a imagem de uma princesa da Disney.

A poucos metros de distância, um casal norte-americano de Seattle, com duas crianças, contava que vive em Portugal e que nunca tinha aderido a este tipo de protesto. Agora, e perante o novo Presidente, não quiseram ficar em casa e um dos seus filhos, um rapaz, exibia um cartaz com a frase "Girls are Strong" (As raparigas são fortes).

Esperados eram os gorros cor-de-rosa com orelhas de gato, um dos símbolos do protesto americano, mas a adesão ao adereço em Lisboa foi pouca.

Um dos poucos gorros era o usado por Ana Pereirinha, de Lisboa, assumida feminista. "Esta é uma ideia que foi lançada em Washington, achei que a ideia era boa e tricotei-o para vir aqui, porque de facto não há uma luta nos Estados Unidos e uma luta aqui. É uma luta que é global e é importante afirmar isso", afirmou à Lusa.

"Ontem [sexta-feira] alguém dizia que os direitos de todos andaram para trás 300 anos. Não são só os direitos das mulheres, há muitos grupos cujos direitos estão postos em causa. Mas, neste momento, as mulheres são sempre as vítimas de primeira linha", prosseguiu Ana Pereirinha, de 50 anos.

A manifestante defendeu ainda, face aos recentes acontecimentos, que "é cada vez mais vital e fundamental ser feminista, lutar pela liberdade, não só enquanto feminista, mas enquanto cidadã".

Figura “absolutamente sinistra”

Entre uma multidão intergeracional estava também Renato Teixeira, de Coimbra, que realçou o carácter abrangente deste protesto internacional, que vai além da causa das mulheres.

"Vim aqui hoje porque depois de oito anos de alguma apatia, de alguma anestesia provocada pelas ilusões que [o ex-Presidente Barack] Obama criou, parecem estar novamente reunidas as condições para que as pessoas percebam que para lá das figuras que representam os cargos existe a natureza das instituições", referiu o manifestante, mencionando, por exemplo, a necessidade de reavivar o movimento contra a guerra.

Classificando Donald Trump como "uma figura absolutamente sinistra", Renato Teixeira acredita que o novo Presidente provoca uma raiva "que pode ser transformada em algo muito interessante, muito positivo, que é o ressurgimento das mobilizações de massas contra aquilo que é a política externa dos Estados Unidos".

Discurso “misógino”

Alguns nomes da política nacional marcaram presença no protesto, como foi o caso da eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias.

"A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas volta a marcar um discurso profundamente, não apenas racista e xenófobo, mas também um discurso que é misógino e que atenta contra os direitos das mulheres e nós precisamos de reconquistá-los", defendeu a eurodeputada, em declarações aos jornalistas.

Para Marisa Matias, a recuperação do espaço reservado aos direitos das mulheres na sociedade também passa pela rua e este movimento promovido à escala mundial "é um excelente exemplo".

Mas, continua a eurodeputada, o rosto da resistência a Trump não é só feminino. "Creio que tem vários rostos. (...) É óbvio que houve um ataque desmesurado em relação às mulheres, e obviamente o rosto das mulheres tem de aparecer também. Mas estamos a falar um bocado da sociedade que está a ser discriminada e com um Presidente que é um símbolo de uma crise política que é muito mais vasta do que ele próprio e a sua eleição. Não podemos de maneira nenhuma deixar a avançar", concluiu.

“O mundo vou mudar”

"A nossa luta é todo o dia, somos mulheres e não mercadoria" ou "Deixa passar, sou feminista e o mundo vou mudar" foram algumas das muitas frases de ordem entoadas durante a tarde pela pequena multidão, que também exibia cartazes. "Não sejas Trump, Parar o machismo, construir a igualdade", "Por todas nós", "Não nos vamos calar", "Contra o ódio no poder", "O assédio é um tédio", "Opressão machista não", eram algumas das mensagens escritas.

A Marcha das Mulheres ganhou dimensão de movimento global e, segundo os organizadores, pelo menos 161 protestos estavam agendados em mais de 80 países dos sete continentes – afinal foram mais de 600 em mais de 300 cidades fora dos EUA. Nos Estados Unidos, estavam previstas mais de 350 manifestações.

Em Portugal, também estavam previstas iniciativas no Porto, Coimbra, Braga, Faro e Angra do Heroísmo. 

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