Um mergulho numa gigantesca mancha do Sol

O grande radiotelescópio ALMA instalado num planalto do deserto de Atacama, no Chile, registou imagens uma enorme mancha negra que terá quase o dobro do diâmetro da Terra na superfície do Sol. Detalhes impressionantes da nossa estrela.

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A imagem da enorme mancha captada pelo ALMA em Dezembro de 2015 no comprimento de onda de 1,25 milímetros ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/NASA
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Ponto negro mostra o local mais frio e escuro que é vísivel na superfície do Sol ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/NASA
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O Sol visto pelo radiotelescópio ALMA ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/NASA
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A imagem da enorme mancha captada pelo ALMA em Dezembro de 2015 no comprimento de onda de três milímetros ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/NASA

Uma bola de fogo cor-de-laranja e amarela salpicada de manchas escuras. O radiotelescópio ALMA (a sigla em inglês de Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) trouxe um pouco mais do Sol até à Terra com a divulgação de novas imagens da estrela mais próxima do nosso planeta. As imagens mostram um centro escuro de uma mancha solar que terá quase o dobro do diâmetro da Terra. Este novo “portfólio” serve para demonstrar à comunidade internacional de astrónomos o que ALMA é capaz de fazer quando olha para o Sol.

Inaugurado em Março de 2013, o ALMA é um projecto dos Estados Unidos, do Canadá, da Europa (via Observatório Europeu do Sul, ou ESO, de que Portugal é membro), do Japão e Taiwan, com colaboração do Chile. As suas 66 antenas estão a escutar o Universo, mais concretamente a sua radiação milimétrica e submilimétrica, situada entre as ondas rádio e o infravermelho, para estudar, em particular, os primórdios do Universo. O radiotelescópio foi concebido para observar objectos distantes em todo o Universo – como outras galáxias e discos formadores de planetas em torno de estrelas jovens –, mas também é capaz de observar o nosso próprio sistema solar, incluindo planetas, cometas e agora o Sol. As imagens reveladas são a prova disso.

O ALMA começou a observar o Sol em 2014 e continuou a fazê-lo durante 30 meses. “Uma equipa internacional de astrónomos aproveitou as capacidades únicas das antenas do ALMA para detectar e fotografar a luz de milímetros de comprimento de onda emitida pela cromosfera do Sol – a região que fica logo acima da fotosfera (superfície do Sol)”, explica o comunicado do ESO. A tarefa levada a cabo por uma equipa que envolveu astrónomos dos EUA, da Europa e da Ásia, precisou de algumas adaptações técnicas ao brilho da estrela, que é milhões de vezes mais forte do que os objectos que ALMA normalmente observa.

O resultado é uma nova visão da estrela que completa os estudos feitos até agora sobre a sua atmosfera e superfície dinâmica. Agora, os investigadores têm mais facetas do Sol para analisar com revelação do seu espectro electromagnético, incluindo a porção milimétrica e submilimétrica que o ALMA pode observar.

Nas imagens sobressai uma enorme mancha solar que é exibida de duas formas: foi observada em comprimentos de onda de 1,25 milímetros (que mostra uma camada da cromosfera que é mais profunda e mais próxima da superfície visível) e de três milímetros. As manchas solares são características transitórias que ocorrem em regiões onde o campo magnético do Sol é extremamente concentrado e poderoso. A zona escura mostra um local com temperaturas mais baixas do que as regiões circundantes. A temperatura média à superfície do Sol ronda os 6000 graus Celsius.

Estas são as primeiras imagens feitas do Sol com esquipamentos onde o ESO é um parceiro. Os resultados alargam a gama de observações para sondar a física de nossa estrela. 

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