Crime de Caxias reconstituído em 30 minutos

Juízas de Cascais estiveram na praia onde duas irmãs foram alegadamente mortas pela mãe.

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A reconstituição foi feita já de noite Nuno Ferreira Santos
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Nuno Ferreira Santos

Bastaram 30 minutos para que um colectivo do Tribunal de Cascais, composto por três juízas, desse por concluído, nesta segunda-feira, o que foi apresentado como a reconstituição do alegado assassínio de duas irmãs na praia de Caxias, concelho de Oeiras, ocorrido na noite de 15 de Fevereiro de 2016. A mãe das meninas, de 19 meses e 4 anos, está a ser julgada pelo alegado crime.

Com toda a área envolvente vedada ao público e à comunicação social, e já de noite, as juízas começaram o seu périplo pelo estacionamento junto ao forte da Giribita, onde Sónia Lima terá parado o carro, e desceram depois para a zona de rochas de onde a mãe se terá dirigido ao mar com as duas filhas.

Segundo a acusação do Ministério Público, a 15 de Fevereiro, Sónia Lima "entrou com as filhas no mar, o que fez com o propósito de lhes vir a tirar a vida" e agiu de forma "livre, deliberada e consciente". O corpo da criança de 19 meses foi encontrado no dia do desaparecimento, enquanto o da sua irmã esteve desaparecido durante sete dias, até que foi encontrado na praia de Caxias, em Oeiras.

Na primeira audiência de julgamento, a arguida rejeitou a acusação e explicou que tinha levado as filhas para urinar nas rochas da praia.

A deslocação ao local para reconstituição dos factos foi decidida na sessão desta segunda-feira do julgamento de Sónia Lima, que está a decorrer no Tribunal de Cascais. Esta foi a terceira sessão. A arguida recusou estar presente na reconstituição apesar de, segundo o tribunal, ter sido ela a requerer que fosse feira esta diligência. No entanto, Sónia Lima disse nesta segunda-feira não estar em condições de saúde para o fazer e recusou-se a acompanhar o tribunal "hoje, ou noutra data qualquer".

Por não considerar indispensável a presença da arguida, o tribunal decidiu manter a reconstituição.

"O tribunal entende que a deslocação ao local se revela de grande importância para a descoberta da verdade e boa decisão da causa, designadamente, atendendo a que a arguida declarou, em audiência de julgamento, ter ali parado a viatura para que, quer ela, quer a filha Samira, urinassem. Por outro lado, interessa verificar qual o local onde a testemunha João António Carvalho (taxista) retirou a arguida do mar", afirma-se no despacho da juíza-presidente.

Na terceira sessão de julgamento foram também ouvidas duas testemunhas, o irmão da arguida e a melhor amiga, agente da PSP, que declarou ao tribunal que esta tinha "muito medo" de perder a guarda das suas filhas, aquando da separação do pai delas, mas nunca tinha manifestado qualquer intenção de suicídio. 

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