Facebook testa ferramentas contra "notícias falsas" para as eleições alemãs

Berlim acena com multas e a maior rede social do mundo não perde tempo: quer combater o boato na campanha germânica.

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Reuters/THOMAS WHITE

A maior rede social do mundo, o Facebook, vai testar, pela primeira vez, fora dos EUA, a sua estratégia de combate às notícias falsas, tendo eleito a Alemanha, país que vai a eleições neste ano.

A notícia é avançada pelo Financial Times, que acrescenta que o objectivo da empresa sediada em Menlo Park, Califórnia, é controlar a proliferação de boatos no período pré-eleitoral. Aparentemente, a rede social criada por Mark Zuckerberg não quer ser apanhada a dormir, depois das muitas críticas a que teve de responder por ter ajudado a propagar notícias falsas durante o a campanha eleitoral nos Estados Unidos. Há precisamente um mês, a empresa  veio a público assumir o compromisso de denunciar e punir tentativas de desinformação.

Nesse sentido, a Alemanha será um dos "laboratórios" desta nova estratégia. Segundo o Financial Times (FT), os utilizadores alemães poderão classificar uma história que tenham visto como falsa. Isso fará com a história em causa seja enviada para a Correctiv, uma empresa de verificação de factos, externa ao Facebook, que analisará a história.

Se a história for confirmada como falsa por esta empresa, então no feed do Facebook a mesma história surgirá sinalizada como sendo "contestada", juntando-se-lhe uma explicação sobre o que isto significa. Além disso, diz o mesmo jornal, as histórias classificadas como "contestadas" serão penalizadas pelo algoritmo do Facebook, de modo a não lhe dar visibilidade e um utilizador que queira partilhar, ainda assim, uma história "contestada" receberá um aviso adicional, no momento da partilha, de que aquilo que está a partilhar foi classificado como falso.

Um porta-voz não identificado do Facebook disse ao FT que a empresa de Zuckerberg tem estado em diálogo com os media alemães e grupos de imprensa, tentando angariar o maior número de parceiros. "O nosso foco é neste momento a Alemanha, mas já estamos a pensar quais serão os países que se seguem", disse a mesma fonte.

O governo alemão já expressara  preocupação com o efeito da propagação de notícias falsas, temendo que as eleições de 2017 possam ser afectadas por boatos como um que recentemente se espalhou entre utilizadores alemães, segundo o qual uma igreja alemã terá sido incendiada por uma multidão de mil pessoas em fúria. Algo que não aconteceu de facto, o que não impediu que a história se tornasse viral.

Em Dezembro último, Berlim anunciou que estava a estudar legislação que permitirá aplicar multas de até 500 mil euros ao Facebook pela distribuição de histórias falsas. A chanceler alemã afirmou, recentemente, que há sinais de que os ataques online e a desinformação proveniente da Rússia – como terá acontecido nos EUA, segundo os serviços secretos norte-americanos – "podem ter um papel na campanha eleitoral" alemã. Merkel anunciou que é candidata a um quarto mandato pela CDU, partido de centro-direita.

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