César sobre TSU: “jogatana” do PSD é a “muleta” para BE e PCP

“Nem o Governo nem nenhuma entidade empresarial contava com o voto do BE para uma baixa da TSU”, diz Catarina Martins rejeitando consequências do seu chumbo para a relação com o PS.

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Paulo Pimenta

Ter utilizado a redução da TSU como moeda de troca com os patrões e vir agora chumbar idêntica medida aplicada pelo actual Governo é uma “jogatana política” do PSD “absolutamente lamentável”, considerou esta sexta-feira o socialista Carlos César. Numa clara tentativa de sossegar as confederações patronais, o presidente do PS garantiu que o partido e o Governo “continuarão empenhados na realização plena deste acordo” – mas não disse como.

O socialista lembrou que o PSD faz questão de dizer que não é muleta do PS e ironizou que neste caso o partido de Pedro Passos Coelho “acaba por ser muleta para o Bloco e o PCP”. O presidente do partido e da bancada parlamentar tinha-se mantido calado durante todo o dia de quinta-feira, quando já se conhecia a posição social-democrata e só falou esta sexta-feira nos corredores do Parlamento, depois da chegada de António Costa da Índia.

Carlos César não se cansou de criticar o PSD: "Um partido com responsabilidades, um partido central na vida política portuguesa deve ter em consideração que os acordos celebrados no âmbito da concertação social são essenciais, devem ser preservados e defendidos.” O socialista acusou os sociais-democratas de “afrontarem” a concertação social e um acordo que “congregou” patrões e trabalhadores. O acordo foi subscrito pelas confederações patronais, mas do lado dos sindicatos apenas pela UGT, já que a CGTP se recusou.

A deputada do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) Heloísa Apolónia disse manter a mesma posição contra a redução da TSU. "A nossa posição é a mesma e é conhecida do Governo", disse ao PÙBLICO a deputada que já confrontou o primeiro-ministro com a possibilidade de o acordo entre os dois partidos ter sido violado por causa desta medida. 

O PEV só tem dois deputados e por isso não pode pedir uma apreciação parlamentar (mínimo de dez), mas votará a contra uma redução da TSU.

Por seu lado, Catarina Martins reiterou a intenção do Bloco de chamar o diploma ao Parlamento e a posição do partido de discordância da “baixa da TSU patronal paga pelo Orçamento do Estado” já anunciada em Dezembro. Porque “não faz sentido financiarmos com o dinheiro do Estado e dos contribuintes aumento do salário mínimo”.

“Não há nenhuma novidade no que o BE diz. Seguramente nem o Governo nem nenhuma entidade empresarial contava com o voto do BE para uma baixa da TSU”, acrescentou a porta-voz bloquista durante uma visita a um tribunal do Bombarral reaberto recentemente.

Questionada pelos jornalistas sobre uma possível nacionalização temporária do Novo Banco, Catarina Martins considerou que a resolução do banco “foi mal feita e tem custos”, e que comprometeu o dinheiro dos contribuintes e a saúde do sistema financeiro. Perante este cenário, defendeu que se deve mantê-lo “público, com gestão pública e responsabilizar quem criou a situação no BES e que tem sido protegido pelo Banco de Portugal”. E rejeitar a “chantagem europeia por via da DBRS ao dizer que se deve entrega-lo a um fundo abutre”. Com Sofia Rodrigues

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