Associação de Protecção Civil diz que Portugal não está preparado para alerta nuclear

Polémica da nuclear de Almaraz originou alerta dos técnicos da Protecção Civil. Ricardo Ribeiro denuncia a falta de formação e sobretudo de equipamentos para o combate ao risco nuclear.

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O responsável da Protecção Civil exige que Espanha assuma os encargos de equipamentos e formação das equipas de socorro NELSON GARRIDO / PUBLICO

Portugal não está preparado para dar resposta a um alerta nuclear, quem o diz é Ricardo Ribeiro em declarações à TSF. O presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil alerta para a falta de equipamento e de formação dos agentes de socorro, caso uma situação de risco nuclear suceda.

Os alertas de Ricardo Ribeiro surgem no seguimento da polémica gerada em torno da construção por parte do Governo espanhol de um aterro nuclear em Almaraz, junto à fronteira portuguesa e cujo processo Portugal ainda não conseguiu travar.

“É verdade que têm havido alguns contactos entre a entidade de segurança da central [de Almaraz] e a nossa autoridade nacional de Protecção Civil, com visitas e trocas de informações”, assegurou Ribeiro à TSF dando a ressalva de que esse contacto ainda é “muito pouco”.

O mesmo responsável dá conta da falta de formação e sobretudo de equipamentos para o combate ao risco nuclear. “Os agentes da protecção civil, nomeadamente aqueles a quem compete fazer a contenção do risco e a defesa das populações, têm equipamentos específicos para trabalharem em operações de perigo radiológico? Não têm”, afirma. O responsável nacional da Protecção Civil acrescenta ainda que as “competências adquiridas e actualizadas ao nível da formação” das forças de socorro também não são suficientes.

“É importante dizer ao governo espanhol que não pode continuar a utilizar a energia nuclear a favor de Espanha deslocando o risco dessa utilização para Portugal”, continuou.

Em declarações à rádio, o presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil exige que Portugal tome uma posição e que pressione o governo espanhol “a assumir os custos de formação, equipamento de protecção dos bombeiros e informação à população”.

Esta falta de capacidade de Portugal responder a um alerta nuclear, foi apontada também por Francisco Ferreira, ex-dirigente da Quercus que agora lidera a associação ambientalista Zero. Ferreira mostra preocupação face à intenção de Espanha prolongar a vida da central e de construir um aterro nuclear, afirmando que Portugal não está preparado "para lidar" com picos de poluição nas cidades.

Nesta quinta-feira, decorre em Madrid a reunião sobre o aterro nuclear em Almaraz com as autoridades espanholas e onde o Ministério do Ambiente português já confirmou a presença, tentando evitar uma decisão unilateral

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