Corbyn quer tecto salarial para empresários com contratos públicos

Líder trabalhista propõe que os gestores que assinam contratos com o Estado britânico não recebam mais do que 20 vezes o salário do funcionário com remuneração mais baixa.

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Jeremy Corbyn quer “construir um Reino Unido melhor depois do ‘Brexit” Reuters/TOBY MELVILLE

O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, sugeriu que as empresas com contratos públicos tenham um tecto salarial. Em concreto, a proposta refere que os patrões não recebam mais do que 20 vezes o salário do funcionário com a renumeração mais baixa da empresa.

A proposta foi feita numa entrevista à rádio BBC 4, e citada pelo Guardian, horas antes de realizar um discurso sobre o “Brexit” onde propôs mais medidas para combater a desigualdade salarial. Ou seja, o que o trabalhista propõe é que apenas as empresas que apliquem este tecto salarial aos respectivos donos possam servir como prestadores do Estado.

O jornal britânico refere que a maioria das empresas que prestam serviços de outsourcing pagam aos seus donos mais de um milhão de libras anuais (cerca de 1,1 milhões de euros). De acordo com a proposta de Corbyn, estes patrões passariam a receber, em média, um máximo de 350 mil libras por ano (quase 405 mil euros), reduzindo para metade a sua renumeração.

“Nos anos 1920, a JP Morgan, um banco de Wall Street, limitou os salários para 20 vezes os dos funcionários juniores. Outro defensor dos rácios salariais foi David Cameron. O seu Governo propôs um rácio de 20 para um no sector público e agora todos os salários acima das 150 mil libras têm de ser assinados pelo Cabinet Office [departamento do Governo britânico que presta apoio ao primeiro-ministro]”, afirmou o trabalhista durante o discurso em Peterborough.

Apesar disso, Corbyn explicou que o seu partido quer ir mais longe. Isto porque, com o rácio proposto pelo Governo de Cameron, “alguém ganhando um salário digno, de apenas 16 mil libras por ano (cerca de 18,5 mil euros), vai permitir a um executivo ganhar quase 350 mil libras”. Por isso, o economista britânico defende que “não pode estar certo” que as empresas públicas estejam a receber dinheiros públicos para ser distribuído por “alguns no topo”.

Outra das propostas para limitar os elevados salários dos patrões é a criação de um comité de renumeração constituído, na sua maioria, por trabalhadores que têm como função aprovar os salários dos seus patrões.

Estas medidas fazem parte da intenção do Partido Trabalhista em “construir um Reino Unido melhor depois do ‘Brexit”, afirmou Corbyn, defendendo a manutenção do acesso ao mercado único europeu e estabelecendo ainda os princípios defendidos pelos trabalhistas no que à imigração diz respeito: “No que respeita ao controlo de fronteiras, estamos orgulhosos por afirmar que vamos corresponder às nossas obrigações internacionais em relação aos refugiados que fogem da guerra e da perseguição”.

“Àqueles cidadãos europeus que já estão cá, vamos garantir os vossos direitos. E vamos continuar a receber os estudantes internacionais que vêm estudar para o nosso país. Não podemos perder o pleno acesso aos mercados europeus dos quais dependem tantas empresas e empregos britânicos. As mudanças à maneira como as regras de migração funcionam a partir da União Europeia vão fazer parte das negociações [do 'Brexit']”, defendeu ainda Jeremy Corbyn.

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