Especialista em obesidade valoriza "evidências científicas" em vez de charlatões

A endocrinologista Paula Freitas defendeu que "modificar o estilo de vida" é o que resulta no combate à obesidade e que perder peso "faz parte de um processo" que começa na educação para os riscos da obesidade na saúde.

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Nas estatísticas relativas a 2014 identificou-se que 16,6% dos portugueses são obesos PAULO PIMENTA

O combate ao excesso de peso deve assentar mais em "evidências científicas" do que nas promessas "de charlatões", defendeu nesta terça-feira a presidente da Sociedade para o Estudo da Obesidade, num comentário a um estudo que relativiza a importância dos factores genéticos.

Segundo a investigação internacional divulgada pela universidade espanhola de Navarra, as pessoas com tendência genética para a obesidade podem perder peso com exercício, dietas ou fármacos da mesma maneira do que quem não tem essa predisposição.

A endocrinologista portuguesa Paula Freitas considerou que é neste tipo de "evidências científicas" que as pessoas se devem basear se querem perder peso, afastando-se dos "produtos miraculosos que constantemente chegam em anúncios na televisão ou pela internet".

Os investigadores espanhóis, integrados numa equipa internacional de 30 cientistas, descobriram que quem tem o gene FTO, que faz aumentar o peso corporal, responde da mesma maneira que o resto das pessoas à dieta, ao exercício e aos medicamentos para perder peso, afirmou na sua página na internet a universidade localizada na cidade de Pamplona.

Docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Paula Freitas defendeu que "modificar o estilo de vida" é o que resulta no combate à obesidade. Perder peso "faz parte de um processo" que começa na educação para os riscos do que é "um problema grave em Portugal" e que "não é olhado como doença", considerou.

Segundo dados do Eurostat divulgados em Outubro passado, mais de metade da população adulta portuguesa tem excesso de peso, uma condição que "tem vindo a aumentar nas mulheres", assinalou Paula Freitas.

Nas estatísticas relativas a 2014 identificou-se que 16,6% dos portugueses são obesos, uma prevalência que atinge 15,3% nos homens e 17,8% nas mulheres. "A obesidade é uma doença complexa” e “depende de vários factores" como o ambiental, como apontou, e não de causas genéticas.

O diagnóstico da obesidade conta com o índice de massa corporal, calculado a partir do peso e da altura. Segundo a Organização Mundial de Saúde, um índice superior ou igual a 25 significa excesso de peso e a partir dos 30 é considerado obesidade.

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