“Peço desculpa, mas retiro-me” – Mário Soares

A Mário Soares, Portugal deverá para sempre o esplendor de viver sem medo.

Luto nacional parece-nos a todos um termo diminuto e somenos abrangente, quando a personalidade que está em causa é Mário Soares.

Liberdade e democracia foram, sem dúvida, os dois grandes projetos da vida de Mário Soares, que, ao longo do seu percurso e através do exemplo prático, foi formando consciências sociais.

Acima de tudo e para além de qualquer fator ideológico, foi um Homem de convicções inabaláveis. Um Homem que não calou a sua consciência perante os valores que para ele eram os valores maiores pelos quais se deve pautar a política.

A luta pela Liberdade, pela Democracia, a frontalidade e o seu espírito audaz e combativo colocaram-no na frente de muitas batalhas, quer fosse ao lado das lutas estudantis, quer fosse na luta contra a unicidade, quer na luta contra a hegemonia política tentada em Portugal no pós-25 de abril, quer na adesão à União Europeia, quer na defesa genuína e destemida de Portugal e dos portugueses.

Mário Soares disse sempre: Presente!

Mário Soares era assim. Não queria um “Portugal Amordaçado”.

Queria um Portugal livre do regime fascista, queria um Portugal progressista, europeísta, onde homens e mulheres pudessem viver plenos de liberdades e garantias e com a dignidade que todas e todos merecem e têm direito.

O Homem que podia ter sido apenas mais um português, filho de uma classe social privilegiada. Mas não... De forma altruísta, corajosa e determinada, pelos ideais de uma bandeira lutou, pelos ideais de uma bandeira foi deportado, pelos ideais de uma bandeira foi perseguido e vigiado pela PIDE, pelos ideais de uma bandeira foi exilado e hoje... todos nós, Portugueses, conhecemos e vivemos algo tão natural como o ar que respiramos e a que muitos, ainda e infelizmente, não dão valor: a Liberdade assente num Estado de Direito democrático que se rege pelos valores da República.

A nossa bandeira, a nossa República, a República Portuguesa.

Há homens assim. Não muitos, mas há-los. Homens que não esmorecem. Homens que às entranhas e às suas convicções vão buscar ânimo e força para se manterem intransigentes, quando o que está em causa são os valores e os ideais de uma nação.

Mário Soares não morreu. Morreram sim aqueles que, apesar de passarem por vidas públicas, se revelam inúteis por falta de coragem, por falta de convicções.

Mário Soares viveu livre e retirou-se livre. E essa é a lição que todos devemos reter.

Retirou-se fisicamente. Continuará vivo através do Portugal de hoje e do Portugal de amanhã, através dos filhos de Abril, dos netos de Abril e das gerações vindouras, porque todos somos herdeiros de um legado vivo do qual nos alimentamos a cada minuto que passa, o sermos livres e vivermos em democracia.

“Medo toda a gente tem, mas há alguns que o vencem e outros que se deixam ser vencidos” – Mário Soares

A Mário Soares, Portugal deverá para sempre o esplendor de viver sem medo.

Até sempre!

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