Dezassete anos depois, o Diário Digital fechou

Falta de viabilidade financeira levou ao encerramento do projecto, que também tinha uma ordem de encerramento compulsivo por ter falhado obrigações financeiras legais.

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O Diário Digital chegou a ter uma equipa de 70 a 60 pessoas. Miguel Madeira/Público

Como é que se fecha a porta num jornal exclusivamente digital? Encaminha-se um URL para uma página em branco. É isso que está a acontecer desde o fim-de-semana com o Diário Digital, que fora o primeiro jornal português de âmbito generalista concebido exclusivamente para o suporte digital, lançado em 1999. Em diariodigital.pt há agora apenas um símbolo animado do jornal no centro do ecrã.

O até agora director do Diário Digital, Pedro Curvelo, confirmou ao Observador o fecho do jornal no sábado e as negociações com a equipa de cerca de uma dezena de pessoas que assegurava o projecto. Pedro Curvelo está no jornal desde 2000 e lembrou que este chegou a ter uma redacção de 70 a 80 pessoas. Mas as dificuldades para manter o negócio viável financeiramente obrigaram a sucessivas reduções de trabalhadores – incluindo um despedimento colectivo - ao longo dos anos, e Pedro Curvelo acredita que este encerramento é definitivo.

O PÚBLICO contactou Luís Delgado, que se mantém nos registos do Ministério da Justiça como presidente do conselho de administração da Caneta Electrónica, a empresa proprietária do Diário Digital, mas o comentador recusou-se a entrar em pormenores sobre o assunto, alegando que está “há muitos anos afastado” do projecto, e acrescentando apenas que se confirmam as declarações de Pedro Curvelo.

Porém, de acordo com os registos da empresa disponíveis no Ministério da Justiça, o processo de encerramento compulsivo já se prolongava desde Novembro de 2015, por ordem do Registo Comercial, porque a empresa não fez, reiteradamente, a prestação de contas anual a que estava obrigada. No Verão passado, a empresa acabou por comunicar as contas de anos anteriores, já fora de prazo, de 2015 a 2012, mas isso não acabou com o processo administrativo.

A 29 de Novembro do ano passado, Luís Delgado assinou, enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral, uma convocatória para uma reunião deste órgão, a 29 de Dezembro passado, cuja ordem de trabalhos incluía a decisão sobre a “dissolução e posterior liquidação da sociedade” dona do Diário Digital.

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