Todos somos um produto do nosso passado – humanóides sintéticos incluídos

A segunda temporada de Humans, que se estreia esta quarta-feira no AMC, interroga como se relacionarão os humanos com robôs (quase) iguais a eles, consciência e tudo.

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Emily Berrington é a impulsiva Niska AMC/DR

Imagine-se uma realidade alternativa em que os robôs antropomórficos estão perfeitamente integrados na sociedade, existindo para ajudar e proteger lealmente os humanos. É um cenário que se afigura confortável e prático, mas se eventualmente estes humanóides sintéticos puderem ganhar consciência e sentir emoções, o resultado é bastante mais imprevisível. A segunda temporada de Humans estreia-se esta quarta-feira, às 22h10, no canal por cabo AMC e foca-se nas consequências do programa de percepção de consciência nas relações entre humanos e humanóides.

No final da primeira temporada, a impulsiva synth Niska (Emily Berrington) foge com o programa de consciência após assassinar um cliente abusivo no bordel onde fora forçada a trabalhar. É este o ponto a que a história retorna, só que Niska está em Berlim e decide descarregar o programa no sistema. A partir desse momento a ordem dá lugar ao caos, uma vez que vários synths começam a aceder às suas memórias e aos seus sentimentos e abandonam os postos de trabalho. O desafio de Leo (Colin Morgan) vai ser tentar descobrir o paradeiro dos seus irmãos sintéticos – criados pelo pai antes de morrer para funcionarem como uma família – e mantê-los em segurança. “Quisemos explorar os synths especiais e a forma como coexistem com a sua consciência”, conta o produtor Paul Gilbert ao PÚBLICO, assinalando a intenção de “trabalhar a questão da igualdade entre humanos e robôs”.

À semelhança da anterior, a segunda temporada tem oito episódios e vai mostrar várias histórias paralelas que convergem para mostrar o impacto dos humanóides sintéticos na dinâmica das relações humanas em casa e no trabalho. A família Hawkins está de regresso depois de ter a sua rotina virada do avesso pela presença de Anita (Gemma Chan). Por outro lado, ficamos a conhecer o jovem empresário Milo (Marshall Allman), fundador da gigante tecnológica Qualia que pretende levar os synths ao próximo patamar de evolução. Para isso, necessitará da ajuda de Athena, uma cientista atraída pelos recursos da empresa. “Esta série trata de todas as possibilidades e dificuldades das combinações de relações entre humanos e robôs”, diz Paul Gilbert.

A linha entre humano e máquina vai ficando cada vez mais ténue. À medida que vão ganhando consciência e sensibilidade emocional, os robôs vão ser levados a fazer a escolha entre o bem e o mal. Exemplo disso é Hester (Sonya Cassidy), um popular modelo industrial criado para fazer o trabalho sujo e perigoso anteriormente delegado nos humanos. É que, ao contrário dos seus pares, este vai recordar as suas experiências e o modo foi como foi tratado anteriormente. “Tal como os humanos, os synths vão ser moldados pelo seu passado”, explica o produtor.

A crescente consciência dos synths vai motivar a sua perseguição e a tentativa de reverter o código dos seus sistemas. Ao mesmo tempo, o desemprego afirma-se como um problema grave, com cada vez mais cargos a serem ocupados pelos robôs. “Os synths afectaram a forma como os seres humanos vivem, trabalham e se comportam”, afirma Paul Gilbert, reforçando que, na segunda temporada, “tudo se passa em maior escala”.

Criada pelos britânicos Sam Vincent e Jonathan Brackley a partir do premiado original sueco Real Humans, a série retrata o impacto da incorporação da inteligência artificial na vida humana. Paul Gillbert refere que o sucesso de Humans se deve à proximidade com que são colocadas as questões fulcrais. “Não levamos tudo de forma séria, o humor é muito importante para nós." A emissão original da segunda temporada terminou a 18 de Dezembro, mas este não deverá ser o ponto final da história, uma vez que “o anúncio [da terceira temporada] ainda será feito”.

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