A crise do Sporting é exagerada, a de Jorge Jesus não

Por esta altura da época passada, os “leões” já só disputavam o campeonato e com Marco Silva ao leme também iam em quarto lugar, a dez pontos do líder. Já para Jesus, está a ser a sua pior época num grande.

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Jorge Jesus está a ter, até ao momento, uma das suas piores épocas como treinador de um dos “grandes” NUNO FERREIRA SANTOS

Eliminado prematuramente das competições europeias e da Taça da Liga, restam ao Sporting as duas principais competições nacionais, Liga e Taça de Portugal, para salvar uma época que assumiu com grande ambição. Ao nível do campeonato, com 30 pontos acumulados nas 15 primeiras jornadas (tantos como Marco Silva há dois anos), esta está a ser a pior temporada de Jorge Jesus desde que chegou ao banco dos grandes do futebol português, na época 2009-10. Mas o veterano treinador só por uma vez, em 2012-13, ficou com o currículo em branco no que respeita a troféus conquistados e, mesmo assim, levou o Benfica às finais da Liga Europa e da Taça de Portugal. Já o clube de Alvalade não está muito aquém dos registos dos últimos anos.

Esta também é, até ao momento, a equipa menos concretizadora de Jesus nas últimas oito temporadas. O técnico, reconhecido pela vertigem de futebol ofensivo que imprime às formações que orienta, viu o ataque sportinguista festejar “apenas” 25 golos na Liga. Um número que não tem grande significado por si só, já que, em igual período do ano passado, os “leões” contabilizavam apenas mais um golo, mas que renderam mais oito pontos na classificação. A grande diferença está na robustez defensiva, com 13 golos sofridos, praticamente o dobro da época de estreia em Alvalade (7).

De referir que, aos comandos dos “encarnados”, Jorge Jesus só ficou por uma vez abaixo dos 30 golos nas 15 primeiras jornadas, com 29 em 2013-14, tendo somado um máximo de 39 no seu ano de estreia na Luz e na época 2012-13. O quarto lugar no campeonato também é uma situação inédita para o “mestre da tática”, que nunca tinha ficado abaixo da segunda posição nos sete anos anteriores em igual número de rondas.

Mas se Jorge Jesus está a atravessar o seu pior período a título pessoal, para já em termos meramente contabilísticos, o mesmo não sucede com o Sporting e com o presidente Bruno de Carvalho. Apesar das expectativas dos adeptos estarem a ser defraudadas, muito por conta da excelente temporada transacta, os “leões” só superaram a marca dos 30 pontos por duas vezes na última década e ambas já com a actual direcção em funções. Em 2014-15, com Marco Silva ao leme, a equipa de Alvalade somava os mesmos 30 pontos, ocupando tal como agora a quarta posição, mas a distância para o líder Benfica (de Jesus) era de dez pontos, mais dois do que actualmente.

E em relação à época passada, a melhor da década, a grande diferença reside exactamente na campanha que a equipa está a realizar no campeonato. Em relação às restantes competições, a situação não é muito divergente. Em 2015-16, o Sporting foi afastado nos oitavos-de-final da Taça de Portugal (está actualmente nos quartos-de-final) e não resistiu igualmente à fase de grupos da Taça da Liga, para além de não ter ido além dos 16-avos-de-final da Liga Europa, após sucumbir ao play-off de acesso da Liga dos Campeões. Tinha era embolsado a Supertaça no arranque da época.

O verdadeiro drama para os dirigentes do clube é a proximidade de eleições associada aos recentes insucessos desportivos, nomeadamente as precoces eliminações das competições europeias e da Taça da Liga frente a adversários francamente inferiores e quando necessitava apenas de empates para seguir em frente em ambas as provas.

Carlos Severino avança

Esta “crise” conjuntural do futebol “leonino”, numa época de todas as esperanças, está a contribuir para dramatizar minimamente o acto eleitoral do próximo dia 4 de Março, que prometia (e promete) ser uma passadeira “verde” para a reeleição de Bruno de Carvalho, que enfrenta agora alguma oposição.

Depois da candidatura de Pedro Madeira Rodrigues, na última semana, foi agora a vez de Carlos Severino, antigo director de comunicação do clube, anunciar, esta sexta-feira, que também estará na corrida, tal como já acontecera no acto eleitoral de 2013. “Decidi aceitar o repto de muitos sportinguistas para assumir a liderança do ‘Sporting Campeão’ – Movimento Eleitoral Sportinguista”, justificou na sua página do Facebook. A apresentação oficial terá lugar no próximo dia 12 de Janeiro, pelas 20h, em Moscavide.

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