Antes do ataque de Berlim, autoridades alemãs reuniram-se sete vezes para discutir perigo do atacante

Numa comissão parlamentar, os elementos de segurança ouvidos pelos deputados referiram que não existiam provas suficientes para deter Anis Amri.

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Reuters/HANDOUT

Esta quinta-feira decorreu uma audiência no parlamento regional da Renânia do Norte-Vestfália, na Alemanha, centrada no ataque ao mercado de Natal de Berlim, onde 12 pessoas morreram no passado dia 19 de Dezembro, e nas falhas de segurança que antecederam o atentado.

Na audiência ficaram a conhecer-se ainda mais detalhes sobre as oportunidades perdidas para impedir o tunisino de 24 anos, que foi abatido em Milão, de atacar o mercado natalício da capital alemã. Em concreto, segundo relata o Wall Street Journal, as autoridades superiores de segurança federais e regionais reuniram-se sete vezes para discutir o eventual perigo representado por Anis Amri.

Os deputados do parlamento regional ficaram a saber que o tunisino foi referenciado como uma potencial ameaça em Fevereiro de 2016, seis meses depois da sua chegada à Alemanha e à região Renânia do Norte-Vestfália, onde dividiu a sua estadia por terras germânicas com Berlim. No entanto, os elementos de segurança ouvidos durante a comissão parlamentar sugeriram que as autoridades de segurança, informação e judiciais calcularam mal o nível de perigo representando por Amri, falhando na obtenção de provas com valor jurídico em tribunal. Isto apesar de o suspeito ter estado sob vigilância durante meses.

Foram vários os avisos sobre Amri por parte de agentes infiltrados e agências de informação estrangeiras, que culminaram em sete reuniões em que as autoridades se juntaram para discutir a situação do tunisino. No entanto, o ataque não foi evitado, e todos os planos para colocar Anis Amri sob custódia foram cancelados pela falta de provas suficientemente consistentes para serem apresentadas a um juiz.

Perante estas revelações os deputados regionais presentes na audiência não conseguiram esconder a estupefacção, lançando várias críticas: “É preciso sentarem-se num camião para que o Estado possa agir?”, questionou, por exemplo, o social-democrata Andreas Bialas. “Ninguém percebe como um conhecido extremista foi capaz de andar livremente neste país”, afirmou ainda Gregor Golland, deputado pela União Democrática Cristã.

Outro dos detalhes que se ficou a conhecer durante a comissão parlamentar foi revelado por um chefe da polícia regional que afirmou que Amri teve 14 nomes diferentes desde que chegou à Alemanha. “Ele agiu de uma maneira conspirativa e utilizou variadas personalidades”, explicou Dieter Schuermann, líder da unidade criminal da polícia da Renânia do Norte-Vestfália.

Agora, a investigação policial centra-se na descoberta de potenciais cúmplices que apoiaram e ajudaram a planear o ataque de 19 de Dezembro. Esta semana, foi detido em Berlim um homem, também tunisino, que, segundo a procuradoria alemã, jantou com Amri num restaurante árabe na véspera do atentado.

Um porta-voz da acusação afirmou esta quarta-feira, segundo a Reuters, que Amri e o homem detido, identificado como Bilel A., de 26 anos de idade, tiveram “discussões muito intensas” no restaurante. Um dos donos do estabelecimento, localizado no norte de Berlim, referiu à Reuters que não sabia que o autor do ataque tinha jantado aí até que a polícia pediu as imagens das câmaras de vigilância referentes ao dia 18 de Dezembro.

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