Papa pede aos bispos que tenham "tolerância zero" com os abusos sexuais

"É um pecado que nos envergonha", sublinhou Francisco.

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Francisco endereçou carta aos bispos a 28 de Dezembro Reuters/ALESSANDRO BIANCHI

O Papa Francisco exortou os bispos de todo o mundo a aderirem à política de tolerância zero para clérigos que abusem sexualmente de crianças, e pediu perdão por “um pecado que envergonha a todos” os católicos.

Numa carta enviada a 28 de Dezembro, mas divulgada pelo Vaticano apenas nesta segunda-feira, Francisco diz: “Gostaria que renovássemos o nosso comprometimento total em garantir que estas atrocidades não aconteçam mais entre nós”.

Desde sua eleição, em 2013, o Papa Francisco adoptou algumas medidas para extirpar o abuso sexual da Igreja Católica e implementou práticas para proteger as crianças. Mas associações de vítimas dizem que não fez o suficiente, principalmente para responsabilizar bispos que toleraram ou encobriram abusos sexuais.

“[A Igreja Católica] reconhece os pecados de alguns dos seus membros: os sofrimentos, as experiências e a dor de menores que foram abusados sexualmente por padres. É um pecado que nos envergonha”, escreveu o Papa na carta.

"Gostaria que renovássemos o nosso compromisso de garantir que estas atrocidades já não ocorram entre nós. Vamos encontrar a coragem para tomar todas as medidas necessárias e proteger de todas as formas a vida dos nossos filhos, para que crimes destes não possam ser repetidos. Nesta área, vamos aderir, clara e fielmente, a 'tolerância zero'", escreveu.

Os comentários, inseridos numa carta sobre a situação de crianças vulneráveis em geral, foram alguns dos mais abrangentes que o Papa fez sobre os abusos. Francisco, que se encontrou com vítimas de abuso sexual diversas vezes, tanto no Vaticano como em algumas das suas viagens ao exterior, disse: “Juntamo-nos à dor das vítimas e choramos por este pecado – o pecado que aconteceu, o pecado de ter falhado em ajudar, o pecado de ter encoberto e negado, o pecado do abuso de poder”.

Em 2015, o Papa Francisco ordenou o julgamento e excomunhão de um arcebispo polaco acusado de pagar por sexo com menores de idade na República Dominicana. Também aprovou o estabelecimento de um tribunal no Vaticano para julgar os bispos acusados de encobrirem abuso sexual ou não impedi-lo, mas a proposta está parada até ao momento.

Os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja explodiram em 2002, quando foi descoberto que bispos norte-americanos transferiam abusadores de paróquia em paróquia em vez de expulsá-los. Escândalos semelhantes foram descobertos mais tarde em todo o mundo e dezenas de milhões de dólares foram pagos em indemnizações.

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