A Roménia antes da Nova Vaga em Janeiro na Cinemateca

Muito se tem falado do cinema romeno ao longo da última década, graças à “Nova Vaga”. Mas esta geração não surgiu do vácuo. É isso que pretende mostrar o ciclo que a Cinemateca Portuguesa propõe já a partir de dia 13.

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De Lucian Pintilie, o mais influente dos cineastas do pós-guerra, mostrar-se-á A Reconstituição, 1968

Muito se tem falado do cinema romeno ao longo da última década, graças à “Nova Vaga” capitaneada por Cristi Puiu (A Morte do Sr. Lazarescu), Cristian Mungiu (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias) e Corneliu Porumboiu (Tesouro). Mas esta geração não surgiu do vácuo. É isso que pretende mostrar o ciclo que a Cinemateca Portuguesa propõe já a partir de dia 13, sob o genérico Um Século de Cinema Romeno. O programa de 24 filmes foi seleccionado com o apoio da Sociedade Romena de Autores Audiovisuais e do Instituto Cultural romenos e corre até 10 de Fevereiro, conduzindo uma viagem por uma cinematografia que, até esta Nova Vaga dos anos 2000, se manteve secreta para o resto do mundo apesar de casos pontuais que o ciclo irá mostrar: Ion Popescu-Gopo (cuja animação Curta Historia ganhou a Palma de Ouro das curtas de Cannes em 1957), Liviu Ciulei (melhor realizador em Cannes 1965 por A Floresta dos Enforcados) ou Lucian Pintilie, o mais influente de todos os cineastas do pós-guerra (mostrar-se-á A Reconstituição, de 1968, um dos filmes centrais do cinema romeno).

O arranque do ciclo, a 13 de Janeiro, dá-se com um programa que combina Curta História e a longa de Dan Pita Hotel de Lux, Leão de Prata em Veneza 1992. A curta de Ion Popescu-Gopo é o mais antigo dos filmes apresentados, onde se destacam ainda A Revolta de Mircea Muresan (melhor primeira obra em Cannes 1966) ou Miguel o Valente (1970) de Sergiu Nicolaescu, épico histórico que foi um dos raros filmes do regime de Ceausescu a receber distribuição internacional. A Guerra da Independência, uma super-produção do tempo do mudo, realizada em 1911 e durante muito tempo considerada a primeira longa-metragem de ficção romena, do qual a grande maioria está hoje perdida, é o único título pré-Segunda Guerra Mundial incluído no ciclo; os seus 40 minutos sobreviventes serão projectados em complemento de The Rest is Silence de Nae Caranfil (2007), uma ficção que recria a sua criação e produção.

O ciclo termina com as longas de estreia de quatro realizadores da “nova vaga”: Cristi Puiu (Stuff & Dough, 2001), Cristian Mungiu (Occident, 2002), Catalin Mitulescu (How I Celebrated the End of the World, 2006) e Corneliu Porombuiu (12.08 a Este de Bucareste, 2006, o único destes filmes a ter tido estreia comercial em Portugal). A programação do ciclo pode ser consultada em www.cinemateca.pt .

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