Meteorologista Costa Alves defende plano de emergência nuclear devido a Almaraz

O meteorologista adiantou que está a ser planeada uma nova manifestação de protesto contra o nuclear em Madrid. E quer organizar outra em Portugal.

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Costa Alves entende que a postura do Governo português, "que tinha estado tímido, começou a responder" Daniel Rocha

O meteorologista Costa Alves, membro do movimento cívico Tejo Seguro, alertou hoje para a necessidade de ser criado um plano de emergência nuclear para fazer face a um eventual desastre na central espanhola de Almaraz.

"Quero fazer uma referência à necessidade de o país [Portugal] não ter um plano de emergência para fazer face a um desastre [nuclear] em Almaraz e a necessidade de o criar", afirmou hoje o meteorologista Costa Alves à agência Lusa. Este responsável que faz parte de dois movimentos cívicos de Castelo Branco, o "Tejo Seguro" e "As Romãs também Resistem", manifestou a sua preocupação face à decisão de o Governo espanhol dar luz verde para a construção de um armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz.

"A 100 quilómetros [de Castelo Branco] temos uma central nuclear envelhecida, com vários problemas de funcionamento e agora ainda temos a sobrecarga de lidar com um armazém com material radioactivo que tem uma vida semi-activa de séculos e séculos", sustentou.

O meteorologista adiantou ainda que está a ser planeada uma nova manifestação de protesto contra o nuclear, pelo Movimento Ibérico Anti-Nuclear, que congrega várias associações e movimentos cívicos de Portugal e de Espanha.

"Fizemos a manifestação em Cáceres [no Verão] e agora está a ser planeada pelas duas partes [portuguesa e espanhola], uma manifestação para Madrid, cuja data ainda não está definida mas que poderá ocorrer em Março de 2017. Queremos também que se faça uma em Portugal", disse.

Costa Alves reforça ainda a necessidade de se dotar a protecção civil de um plano de emergência específico para um acidente nuclear em Almaraz e adianta que atualmente, "estamos completamente desprotegidos". "A exigência de que [a central nuclear] feche não significa que isso vá acontecer", frisou.

Costa Alves entende que a postura do Governo português, "que tinha estado tímido, começou a responder" e considera que esta mudança de atitude "são passos em frente que o Governo está a dar".

O Governo espanhol deu luz verde à construção do armazém para resíduos nucleares na central de Almaraz, localizada a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, através de uma resolução da Direcção-Geral de Política Energética e Minas do Ministério da Energia.

De acordo com o Boletim Oficial do Estado (BOE), divulgado na quarta-feira, que reporta a resolução de 14 de Dezembro de 2016, da Direcção-Geral de Política Energética e Minas, "autoriza a execução e montagem da modificação do desenho correspondente ao Armazém Temporário Individualizado da Central Nuclear Almaraz, Unidades I e II".

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