“Sabemos que o sistema financeiro ainda não está bem”

Diogo Lacerda Machado admite que o sistema financeiro ainda não está bem, acredita que se vão encontrar soluções, mas adianta que os bancos já começam a ter um “horizonte”.

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Os bancos nacionais já começam a ter um horizonte, assegura Diogo Lacerda Machado Rui Gaudêncio

Diogo Lacerda Machado faz parte do grupo de trabalho criado pelo Governo, e onde está também o Banco de Portugal, que procura uma solução para limpar dos balanços dos bancos o crédito malparado, o chamado ‘banco mau’. O assessor do Governo admite que o sistema financeiro ainda não está bem, acredita que se vão encontrar soluções, mas adianta que os bancos já começam a ter um “horizonte”.

“Sabemos que o sistema financeiro ainda não está bem”, admite e recua no tempo para enquadrar a actual situação do sistema financeiro nacional. “Costumo perguntar às pessoas se se lembram qual foi a última pergunta e espécie de condição final para que o Presidente da República, Cavaco Silva, aceitasse indigitar primeiro-ministro o então líder do PS, António Costa. Foi o que é que vai fazer com o sistema financeiro”, lembra o advogado. Segundo Diogo Lacerda Machado, na pergunta do então Presidente da República “ia toda uma revelação” a partir da qual passou a ser importante para o primeiro-ministro procurar responder. Ou seja, “procurar que o sistema  financeiro no futuro volte a cumprir a função primordial de intermediação financeira. Ser uma espécie de sistema circulatório da economia”.

Lacerda Machado lembra, no entanto, que nas soluções a encontrar para que os bancos voltem a funcionar normalmente, não pode ser “à custa da economia”.

O também administrador da Geocapital, uma holding com sede em Macau e que se assume como uma “ponte entre o Oriente e o Ocidente, entre a República Popular da China, Portugal e o mundo lusófono”, explica que com a herança da crise “muitas empresas, designadamente esse universo enorme de pequenas, médias e micro empresas em Portugal, deixaram de ter condições para pagar de volta os créditos que obtiveram nos bancos”. Ora, o problema do crédito malparado não se resolve apenas com a criação de um "banco mau", assume Diogo Lacerda Machado. Não se resolve “se não se construir simultaneamente uma solução para resolver o problema do lado da economia. E esta é que é a dificuldade nesta equação: libertar o balanço dos bancos de um nível de crédito elevado que não está a ser satisfeito, sem que isso signifique matar muitas empresas viáveis”. E é neste equilíbrio, explica, que tem de se encontrar uma solução.

“Tem havido um trabalho que está a ser desenvolvido no seio desse grupo e acredito que se há-de encontrar uma solução”. E esta solução terá de se enquadrar com o facto de “os bancos começarem agora a ter, finalmente, um horizonte, um destino e caminho e uma estratégia própria”, assegura Diogo Lacerda Machado que exemplifica: “A CGD tem hoje um plano de recapitalização aprovado e passou a ter outra vez horizonte. O BCP hoje começa também a seguir o seu caminho, o próprio BPI segue o seu caminho, o Novo Banco há-de seguir o seu caminho. São passos, todos eles muito importantes no sentido de dar resposta àquela pergunta [de Cavaco Silva]”.

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