Albuquerque volta a remodelar governo da Madeira

Em menos de dois anos de mandato, Albuquerque já mexeu duas vezes na Secretaria Regional da Saúde. Pedro Ramos é o novo titular da pasta, numa remodelação que abrange outras áreas do governo e da administração pública regional.

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gc Gregorio Cunha - colaborador

É a segunda remodelação no governo de Miguel Albuquerque, e novamente na pasta da Saúde. O director clínico do Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram), Pedro Ramos, vai substituir João Faria Nunes na Secretaria Regional da Saúde.

A mudança, oficializada durante a tarde desta terça-feira, acontece pouco mais de um ano e meio depois de Albuquerque ter tomado posse como presidente do governo regional madeirense, e terá sido solicitada por Faria Nunes, que alegou motivos de saúde.

Mas independentemente das razões, a saída de Faria Nunes, que em Agosto do ano passado substituiu Manuel Brito no cargo, era previsível face às críticas generalizadas de que aquele sector tem sido alvo. A lista de espera para cirurgias – os últimos números falam em 18 mil pessoas -, a escassez de recursos humanos e materiais nos serviços e o estado de degradação dos dois principais hospitais madeirenses têm integrado a argumentária da oposição, numa altura em que o financiamento para o novo hospital tem estado na agenda política.

E se a mudança era expectável já o facto de ter sido a segunda na pasta da Saúde em menos de dois anos de governo, e a forma como o processo foi conduzido, provocou um coro de críticas da oposição. O convite a Pedro Ramos foi conhecido dias antes do anúncio oficial, quando a filha do novo secretário regional felicitou o pai pelo novo cargo, através de uma imagem partilhada no Instagram. 

Pedro Ramos, que em Junho foi nomeado por Faria Nunes director clínico do Sesaram, é, tal como o antecessor, médico de profissão. Profissional respeitado e com vasta experiência hospitalar – antes da direcção clínica, foi responsável pelo Serviço de Urgências do Hospital Central do Funchal, o novo secretário regional é um nome praticamente consensual na área, mas terá a difícil tarefa de liderar uma das pastas mais frágeis do actual executivo madeirense.

Já Faria Nunes abandona o executivo sem ter conseguido pacificar um sector que, desde a tomada de posse de Albuquerque, tem sido palco de muita turbulência. Em Junho deste ano, a direcção clínica do Sesaram, acompanhada por todos os directores de serviço do hospital, demitiu-se em bloco, justificando a decisão com a falta de condições para o normal funcionamento dos serviços. Um dia depois, o PCP avançava no parlamento regional com uma moção de censura ao governo, admitindo que a situação na Saúde esteve na base da iniciativa que viria a ser chumbada pela maioria social-democrata na assembleia madeirense.

Antes, Manuel Brito, a primeira escolha de Albuquerque para chefiar a Saúde do arquipélago, tinha tido um mandato fugaz, que durou pouco mais de 100 dias. Acabou por se demitir, depois de um diário local ter revelado que mantinha uma quota minoritária numa clínica privada no Funchal. Manuel Brito, que integrou o conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Central, residindo em Lisboa entre 2016 e 2013, foi a primeira baixa num governo regional da Madeira.

Durante os quase 38 anos de governo, Alberto João Jardim nunca efectuou uma remodelação do executivo, Albuquerque em menos de dois anos já foi forçado a mudar duas vezes.

Além do novo secretário regional da Saúde, 2017 vai começar com outras nove caras novas na administração pública regional. Maria Regina Rodrigues vai para o lugar de Pedro Ramos na direcção clínica do Sesaram, José António Oliveira Dias, capitão da Força Aérea, vai assumir a presidência do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros. Oliveira Dias, que desde 2012 exercia essas mesmas funções nos Açores, substitui Luis Neri, bastante criticado durante os incêndios que atingiram a Madeira em Agosto.

Há também mudanças nas direcções regionais do Trabalho e da Acção Inspetiva (Savino Correia) e de Estatística (Paulo Vieira); e nos institutos do Vinho (Bruno Rebelo de Sousa), de Florestas e Conservação da Natureza (Manuel António Filipe) e de Desenvolvimento Regional (Emília Alves).

A remodelação atinge também a Administração dos Portos (Lígia Correia) e as Sociedades de Desenvolvimento (António Abreu), e não deverá ficar por aqui. A actual secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais, Rubina Leal, é apontada como provável candidata do PSD à Câmara do Funchal. Se tal se confirmar, Albuquerque terá que voltar a mexer no elenco governativo a curto prazo.

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