Lesados do Banif querem solução igual à do BES

Está em causa a recuperação do valor das obrigações subordinadas investidas no banco perdidas há um ano.

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Jacinto Silva põe em causa a credibilidade do sistema financeiro caso não seja apresentada uma solução também para os lesados do Banif ricardo campos/arquivo

É de 260 milhões de euros o valor perdido em obrigações subordinadas do Banif que agora os clientes vêm exigir de volta. Estes querem ter um tratamento igual ao que foi dado pelo Governo aos lesados do Grupo Espírito Santo (GES), noticia o semanário Expresso.

Os lesados do Banif perderam todo o investimento há um ano quando o banco foi intervencionado, mas exigem que lhes seja devolvido o dinheiro na sua totalidade.

Em declarações ao Expresso, Jacinto Silva, presidente da Associação de Defesa dos Lesados do Banif (ALBOA), refere que o que está em causa são obrigações subordinadas do próprio Banif e não papel comercial de empresas do grupo, “como acontece com os lesados do GES".

A associação já apresentou acções em tribunal contra o Banco de Portugal. O presidente da ALBOA afirma que o caso do antigo banco madeirense possui particularidades que constituem pontos a favor dos lesados do Banif e recuperar o valor total das obrigações trata-se de uma questão de “equidade e justiça”, diz.

“Houve venda fraudulenta na maioria dos casos e o Banif era controlado maioritariamente pelo Estado. Em 2012, o Estado detinha mais de 90% do capital e no final de 2015 tinha mais de 60%, enquanto o BES era um banco privado”, justifica Jacinto Silva ao Expresso.

Miguel de Albuquerque, presidente do Governo regional da Madeira, pede igualmente ao executivo de Costa, um “desfecho favorável” àqueles que ficaram prejudicados com a situação do Banif, entre eles muitos madeirenses.

Albuquerque apresentou uma proposta que passa por um fundo de financiamento coberto pelo Santander Totta ou pelo Estado português. Em Junho, o Santander Totta apresentou uma proposta para emissão de obrigações com juros a 7,5% por um período de 10 anos, mas com uma perda de 25% do investimento. Posto isto, os lesados voltarão a insistir na solução apresentada por Miguel Albuquerque.

António Costa já se pronunciou sobre o assunto nesta quinta-feira no fim do debate quinzenal. “Sobre os lesados do Banif, não ignoramos esse problema, também estamos a procurar soluções. Temos que construir a estabilidade do sistema financeiro nas variadas dimensões”, referiu o primeiro-ministro aos jornalistas.  

Costa apresentou esta segunda-feira a solução para minimizar as perdas dos lesados do BES, afirmando que custos não irão recair sobre os contribuintes.

Será na próxima semana que, possivelmente, cada cliente lesado do BES ficará a saber quanto receberá nas diferentes fases de pagamento acordadas no grupo de trabalho,  que integra o Governo, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Banco de Portugal (BdP), a associação dos lesados e o “BES mau”.

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