Lalanda e Castro, o homem que surge em várias investigações

Vistos gold, Operação Marquês e agora negócios ligados ao sangue: o antigo patrão de Sócrates surge em várias das maiores investigações das autoridades dos últimos tempos

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Lalanda e Castro é visado em vários inquéritos-crime Adriano Miranda

Podia dele dizer-se que é o homem que está nalgumas das maiores investigações feitas pelas autoridades nos últimos tempos. O antigo patrão de José Sócrates conheceu o ex-primeiro-ministro em 2012 e contratou-o para a multinacional farmacêutica Octapharma um ano mais tarde. Na chamada Operação Marquês é suspeito de simular pagamentos extra a Sócrates para justificar a proveniência do dinheiro abonado ao ex-governante através do seu amigo Carlos Santos Silva. Objectivo, segundo o Ministério Público: lavar parte do dinheiro de Sócrates que permanecia nas contas de Santos Silva. Além de branqueamento de capitais, sob Lalanda e Castro impendem suspeitas de falsificação, fraude fiscal e corrupção activa neste processo.

Já no caso dos vistos gold, também conhecido como Operação Labirinto, está em causa um negócio destinado a trazer para Portugal feridos de guerra líbios, para serem aqui tratados. O que não teria nada de mais, não se desse o caso de os investigadores suspeitarem de que conseguiu com um parceiro de negócios seu, Jaime Gomes, o reembolso pelas Finanças de 1,8 milhões de IVA a que não tinham direito, graças aos bons ofícios do então ministro Miguel Macedo, também arguido no mesmo processo. Aqui, o patrão da Octapharma foi acusado de dois crimes de tráfico de influência, por causa da facilitação dos vistos alegadamente propiciada também por Miguel Macedo.

Já escutas feitas pela Polícia Judiciária no caso dos vistos dourados em Agosto de 2014 mostram a proximidade entre o então presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, detido esta terça-feira no âmbito da Operação O Negativo, Cunha Ribeiro, e Lalanda e Castro. O patrão de Sócrates pergunta a Jaime Gomes se ele quer ir com ele à Argélia numa comitiva, num jacto privado, para ver o que lá há de negócios. E diz-lhe que nessa comitiva vão também Sócrates, que nesta altura já trabalha para a Octapharma, e Cunha Ribeiro. O mesmo processo contém outros indícios da proximidade entre Lalanda e o antigo dirigente da saúde. O facto de Cunha Ribeiro ter morado no mesmo edifício da Rua Braancamp onde Sócrates habitou durante vários anos, num apartamento que pertencia a uma empresa de Lalanda, e de a Octapharma ter indicado o seu nome como perito numa investigação brasileira sobre o negócio do sangue são outros indícios que têm despertado a curiosidade das autoridades.

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