Fado Barroco propõe uma viagem pelos sons da portugalidade

O fadista Ricardo Ribeiro, a soprano Ana Quintans e Os Músicos do Tejo dão corpo a uma singular viagem musical na Gulbenkian, esta quarta-feira, às 21h.

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Ricardo Ribeiro (aqui nos ensaios da Toada de Portalegre) NUNO FERREIRA SANTOS
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Ana Quintans, soprano DR
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Marcos Magalhães a dirigir Os Músicos do Tejo MIGUEL MANSO
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Estreia de Fado Barroco em Helsínquia, na passagem de ano de 2015 para 2016 GULBENKIAN

Um ano depois de ter esgotado duas salas finlandesas, em noites consecutivas, o concerto Fado Barroco apresenta-se no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian esta quarta-feira, às 21h. Estreado erm Helsínquia na passagem do ano de 2015 para 2016 e no dia de Ano Novo, o espectáculo é uma proposta do cravista e maestro Marcos Magalhães, fundador do grupo de música antiga Os Músicos do Tejo, e é apresentado como uma “viagem ao longo do tempo, entre a tradição oral e a música escrita, atravessando as peças para guitarra portuguesa, a música medieval, arábica e galega, o barroco português, o fado e o lundum.” Uma viagem pelos sons da portugalidade, do século XIII até à idade contemporânea. O repertório é baseado em músicas de Carlos Paredes, António da Silva Leite, Miguel Amaral, J. S. Bach, Francisco António de Almeida, Rão Kyao, José Palomino, Alain Oulman, Carlos Gonçalves e Madredeus.

Com Os Músicos do Tejo, sob a direcção de Marcos Magalhães e Marta Araújo, estarão em palco o fadista Ricardo Ribeiro e a soprano Ana Quintans, além dos músicos Miguel Amaral (guitarra portuguesa) e Marco Oliveira (viola). 

Ricardo Ribeiro retoma esta aventura depois da sua bem-sucedida transformação da Toada de Portalegre, de José Régio, num poema sinfónico, musicado por Rabih Abou-Khalil. E recorda ao PÚBLICO a estreia em Helsínquia, no Helsinki Music Centre, com a Orquestra Barroca local. “Foi maravilhoso. Duas noites de sala cheia. Tudo aquilo muito elaborado. E para mim era difícil, porque, apesar de estudar música, há coisas a que não estou habituado e que eu não cantava. Mas fiquei absolutamente rendido às escolhas do Marcos. E estou muito contente por podermos agora apresentar o espectáculo na Gulbenkian.” O facto de partilhar o palco com Ana Quintans é outro motivo de satisfação. “A Ana é uma cantora extraordinária, põe-me com pele de galinha. Além do mais é uma simpatia de pessoa. Mas tudo isto é um grupo, não sou só eu ou a Ana, é a orquestra, é o Marcos, é o Miguel Amaral… Somos um grupo que faz com que a música aconteça.”

“As transições”, diz Ricardo, “são feitas de uma forma coerente, cronológica": "A Ana canta as árias dela, depois canto eu, depois cantamos juntos, está muito bem estruturado, o Marcos tem uma sensibilidade fantástica.” Mas há alturas em fica só voz, guitarra e viola. “Vou cantar o Fado Menor e o Fado Corrido, o pai e a mãe de todos os outros. Canto o Destino marcado, do Fernando Farinha, no Fado Menor, e no Fado Corrido os Olhos estranhos. E vou cantar, do Alfredo Marceneiro, o Fado Cravo, que é em sextilhas, De Loucura em loucura. Depois cantarei também o Fado do Alentejo, que é mais moderno, salvo seja.” E fará um dueto com Ana Quintans. “Vou cantar com ela uma pequenina ária de uma canção que era de uma opereta, O marujo e a regateira. Já se pode ver por aqui o risco que eu vou correr”, diz, divertido.

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