Pinto da Costa: dos negócios com o filho à zanga com Joaquim Oliveira

Presidente do FC Porto abordou vários temas numa entrevista ao Jornal de Notícias.

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fernando veludo n/factos

O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, deu uma longa entrevista nesta segunda-feira ao JN Direto, o novo projecto vídeo do Jornal de Notícias. Falou de vários temas, desde o sorteio da Liga dos Campeões ao Football Leaks, passando pela arbitragem e pela venda dos direitos televisivos à Meo.

“Juventus não teve sorte”
"Quando esta equipa não tinha a experiência que tem hoje e saiu a Roma [pré-eliminatória da 'Champions'], eu disse: 'coitada da Roma'. Na altura, todos se riram. Nós fomos lá e vencemos por 3-0. A Juventus não teve sorte no sorteio [dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões]”

Relação ética com o filho Alexandre
“Não me interessa se o empresário é meu filho, primo, genro, amigo ou inimigo.Se o negócio for bom para o FCP, eu faço-o. O que me interessa é negócios com lisura e bons para o FCP.

O Rui Pedro só está no FC Porto em virtude da empresa onde Alexandre Pinto da Costa era sócio. O jogador, aos 14 anos, queria um emprego para o pai, que é uma pessoa séria e que estava à procura de trabalho. Ele não queria dinheiro, queria trabalho. Essa era condição para continuar no clube. O Alexandre falou-me nisso e falei com o meu amigo Américo Amorim, que está ligado ao negócio das cortiças. O problema ficou resolvido e hoje ele joga na equipa principal. Agora eu pergunto: devia ter deixado o Rui Pedro ir embora só porque o Alexandre é meu filho? Só na cabeça de um maluco”

Football Leaks: as comissões de Alexandre Pinto da Costa
“Não estou a acompanhar. Ouço e vejo na televisão umas coisas, vi uma notícia de que o Oblak tinha custado uns milhões. Tenho mais com que me preocupar, há instituições que devem cuidar disso. Alexandre Pinto da Costa recebeu uma dupla comissão? Se recebeu, não foi do FC Porto. O Rolando era um peso morto que ninguém queria no clube. Não conseguiam colocá-lo. A empresa de que o Alexandre era sócio colocou o Rolando. Além de o FC Porto ter deixado de pagar um milhão de euros de salário, ainda recebeu mais um milhão. Se ele recebeu de outros, não me interessa nada. Era um jogador que estava a mais.

Eu estou vaidoso porque o meu filho é muito importante. Faz capa no Expresso porque alegadamente recebeu duas comissões. Há milhares de documentos e milhões de euros, dos Oblaks, Ronaldo, Mourinho e Jorge Mendes, e a notícia é essa. É ridículo."

O negócio com a Meo
“A proposta da Meo tinha de ser aceite ou recusada no momento. Era muito melhor e até superior aos 400 milhões e dissemos sim senhor. Chamámos os advogados, agora o problema era deles. Depois, à noite, é que houve uma tentativa do Joaquim Oliveira cobrir qualquer proposta. Isso é querer ganhar o jogo depois de ele ter terminado, isso não é sério. A partir daí iniciou-se uma guerra, quando nós só trocámos porque fomos obrigados a trocar. Cheguei a uma conclusão: se me pagavam 19 milhões e me davam depois 39 e depois cobriam qualquer oferta, andei a ser vigarizado durante muitos anos".

A zanga com Joaquim Oliveira
“[As relações com Joaquim Oliveira] nem esfriaram nem deixaram de esfriar. Tinha combinado com ele irmos jantar ao Altis na véspera de um jogo do FC Porto com o Sporting, e ainda hoje estou à espera. Tive de me vir embora, ele deixou de aparecer e deixou de me falar.”

“Se tudo correr dentro da normalidade, o FC Porto será campeão"
"Acho que  é notório que [o FC Porto] já se reergueu. Quando eu disse essa frase, 'bateu no fundo', não queria dizer propriamente isso. Para nós, bater no fundo é estar fora do topo. Naturalmente que, depois de tudo o que aconteceu nas primeiras jornadas, com a eliminação do FC Porto da Taça, estar em segundo lugar, que não é o que queremos, e estar na 'Champions', tenho de considerar que estamos muito mais perto do topo. Quando há outros que estão em grandes momentos e não estão em provas europeias, o que podemos dizer de nós? Não estamos em primeiro por factores extra-futebol”

Brahimi
"O Brahimi teve de se adaptar à forma de jogar do treinador. A partir do momento em que se integrou, tornou-se num jogador válido”

Contratação de Nuno Espírito Santo
“Jorge Mendes não teve nada a ver com a vinda do Nuno. Lopetegui sim, foi indicação do Jorge Mendes. Com o Nuno falei pessoalmente e só depois de termos apertado a mão ele comunicou ao Jorge Mendes. Aliás, estava marcado um encontro para Nuno ouvir uma proposta de um clube inglês, mas ele disse que se fechasse com o FC Porto já não queria mais nada.”

Arbitragem
"O FC Porto precisa que as arbitragens estejam à altura daquilo que desejamos para a verdade desportiva. Eu acho que ainda é muito cedo para fazer uma análise. Não se pode, ao fim de 10 jogos, analisar o trabalho de um conselho de arbitragem”.

Boa relação com Antero Henrique
"Ainda hoje mantenho excelentes relações com o Antero. O que me disse quando saiu [do cargo de director-geral da SAD]? Tem que lhe perguntar a ele. O que ele me disse não vou revelar. A relação não esfriou nada e a prova é que ele continua na Liga como representante do FC Porto".

Último mandato?
"O FC Porto tem 50 mil sócios em condições de se candidatarem. Se este é o meu último mandato? Já esteve para ser tantas vezes... Não sabemos se amanhã somos vivos. Quando assumi a presidência do FC Porto, prometi que daria sempre o meu melhor pelo FC Porto. Existem coisas que ainda gostava de fazer, como um centro de treinos para os jovens. O futuro do clube tem de passar cada vez mais pela formação. Tem o Rúben Neves, o Rui Pedro... Tem de ter jogadores desses. Não se pode construir uma equipa de juniores ou B à base de nigerianos. Era importante ter um grande centro de formação para jovens. Estamos em conversações com a Câmara da Maia. É um desejo que temos e penso que era importante”.

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