PSD desafia ministro a reavaliar decisão no caso do novo Hospital Central no Algarve

Numa carta aberta a Adalberto Campos Fernandes, o deputado Cristóvão Norte afirma que as “decisões políticas têm de estar alicerçadas em avaliações técnicas, o que não é o caso”.

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O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes Nuno Ferreira Santos

O deputado do PSD Cristóvão Norte não entende por que é que o Governo não contemplou no Orçamento do Estado para 2017 o novo Hospital Central do Algarve e, numa carta aberta divulgada nesta segunda-feira, desafia Adalberto Campos Fernandes a “corrigir a situação e oferecer melhores cuidados de saúde aos algarvios” e a “reavaliar a decisão”.

“Os algarvios carecem de um hospital central e necessitam de mais recursos humanos e, nesse sentido, impõe-se que o Estado pondere todas as opções para colocar cobro a esta incapacidade de colocar os médicos onde são necessários”, escreve o deputado social-democrata na missiva ao ministro da Saúde.

A carta foi conhecida esta segunda-feira, de manhã, na altura em que o ministro Adalberto Campos Fernandes deveria iniciar uma visita ao Centro Hospitalar do Algarve (CHA) em Portimão. O governante acabou por ficar em Lisboa, fazendo-se representar pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.

Na carta, o deputado refere que a decisão do Adalberto Campos Fernandes de “excluir o novo Hospital do Algarve da lista de prioridades é incompreensível e não tem fundamentação técnica, pois não há qualquer estudo que aponte em sentido contrário”. “As decisões políticas têm de estar alicerçadas em avaliações técnicas, o que não é o caso” e “conflitua com a assunção de que a região seria uma prioridade de intervenção no domínio hospitalar, pois tem-se comprovado que o Algarve sofre de estrangulamentos estruturais longe de estarem ultrapassados”, acrescenta a carta.

Cristóvão Norte, que integra a comissão parlamentar de Saúde e que foi autor de uma petição, que reuniu 10 mil assinaturas, pela criação de um curso de Medicina na Universidade do Algarve, sublinha no texto que “os parâmetros de medição dos cuidados de saúde têm-se vindo a ressentir ano após ano, atingindo em 2016 o patamar mais baixo”.

“Segundo dados oficiais da ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde], datados de Setembro de 2016, o Centro Hospitalar do Algarve regista um decréscimo da sua oferta assistencial: o segundo mais alto índice de mortalidade dos 40 hospitais do país; o pior índice de demora média do país; uma das piores percentagens de reinternamentos no prazo de 30 dias; uma redução de 9,6% de cirurgias programadas face ao mesmo período de 2015; uma redução de 4,8% de cirurgias urgentes face ao mesmo período do ano passado e uma redução de 4,6% do número de primeiras consultas relativamente ao ano transacto”, assinala.

Em sua opinião, “resulta claro que se registam mais casos de utentes que são transportados para fora da região para terem acesso aos cuidados que necessitam. Ora, em muitos casos, tal colide com a urgência da intervenção, pois as janelas terapêuticas não se compadecem com esse tempo de espera. Esse facto, por exemplo na especialidade de Neurocirurgia, entre outras, determina o aumento da morbilidade”.

O deputado aproveita a carta aberta ao ministro para reafirmar que a decisão de não avançar com um novo hospital “é lesiva dos interesses da região e dos algarvios”, lamentando, ao mesmo tempo, que o Governo “desconsidere a importância de um novo hospital para atrair e fixar recursos humanos, em particular médicos de especialidades de que a região padece de modo crónico”.

A carta termina com um desafio ao ministro da Saúde: “Espero que V. Exa. seja capaz de responder aos compromissos que assumiu no ano passado, aquando da tomada de posse do Conselho de Administração do centro Hospitalar do Algarve e que reavalie a decisão tomada no sentido de garantir que o novo Hospital do Algarve é concretizado”.

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