Autoridades turcas acusam rebeldes curdos do atentado em Istambul

Presidente Tayyip Erdogan cancela visita ao Cazaquistão, depois do ataque que fez 38 mortos e 155 feridos.

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Domingo foi proclamado dia de luto nacional YASIN AKGUL/AFP
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Cerimónia fúnebre no quartel-general da polícia aos agentes que morreram AFP/OZAN KOSE
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O Presidente Erdogan e os seus ministros na cerimónia Reuters/MURAD SEZER
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Familiares choram a morte AFP/OZAN KOSE
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O Governo turco acusou os rebeldes curdos pelos dois ataques coordenados de sábado à noite, no junto ao estádio do Besiktas (no centro de Istambul), que mataram 38 pessoas, a maioria polícias, e deixaram 155 feridos. O número foi confirmado a meio da manhã deste domingo pelo Presidente Erdogan.

As duas explosões ocorreram uma hora e meia depois do fim do jogo de futebol entre o Besiktas e o Bursaspor. A primeira foi às 22h29 locais, quando um carro armadilhado explodiu junto a um veículo de transporte de polícias, nas imediações da Arena Vodafone, o estádio do Besiktas. Menos de um minuto depois, um bombista suicida fez-se explodir no meio de um grupo de polícias no parque de estacionamento de Maçka, também nas imediações do estádio. Este domingo, o ministro do Interior, Süleyman Soylu, voltou a actualizar o número de vítimas, indicando que entre os mortos estavam mais de 30 polícias.

Soylu prometeu vingar os mortos: “Mais cedo ou mais tarde vamos ter a nossa vingança”, afirmou na cerimónia fúnebre na sede da polícia. “Este sangue não irá ficar derramado no chão, não importa o preço a pagar, ou quanto irá custar”. Foram já feitas 13 detenções.

Os atentados não foram ainda reivindicados. Mas as autoridades turcas apontam o dedo ao Partido dos Trabalhadores do Curdisão (PKK), uma organização de guerrilha classificada como terrorista. Numa entrevista à CNN, o vice-primeiro-ministro Numan Kurtulmus afirmou: “Os dados apontam para o PKK. Foi claramente um acontecimento planeado. Quando a investigação terminar faremos um comunicado, não podemos dizer nada de definitivo por agora.” 

Kurtulmus adiantou que os aliados da Turquia deveriam mostrar solidariedade na luta contra o terrorismo, numa referência à discordância entre os membros da NATO (à qual a Turquia pertence) sobre a resposta à guerra na Síria. Isto porque os Estados Unidos armam e prestam apoio militar às milícias YPG (que para Istambul é uma extensão do PKK) na luta contra o Daesh na Síria.

Durante o ano que passou, milhares de políticos curdos foram presos. Dezenas de autarcas e líderes do Partido Democrático do Povo (pró-curdo), a segunda maior força da oposição, incluindo os seus dois presidentes, estão na prisão, ao abrigo da aplicação da lei antiterrorismo que criticada pela União Europeia e outras instâncias internacionais. Esta vaga de repressão contra os curdos coincide com as vastas purgas levadas a cabo após o golpe de Estado falhado de 15 de Julho, que levaram para a cadeia ou para o desemprego milhares de pessoas.

Este domingo foi proclamado dia de luto nacional e o Presidente Tayyip Erdogan cancelou uma visita ao Cazaquistão, adiantou o seu gabinete. Para o líder turco, este atentado foi um ataque contra a polícia e os civis com o objectivo de causar o máximo de baixas possível. “Ninguém deve duvidar que, se Deus quiser, nós, como país e como nação, iremos ultrapassar o terror, as organizações terroristas e as forças por trás delas”, afirmou Erdogan num comunicado citado pela Reuters.

O atentado surge menos de uma semana depois do Daesh ter apelado aos seus apoiantes que invistam contra “a segurança, o Exército e o sistema económico e mediático” da Turquia. O Daesh tem sido responsabilizado por vários dos ataques que abalaram o país este ano, mas alguns foram também reivindicados pelo grupo curdo.

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