Funchal será epicentro das autárquicas na Madeira

Capital madeirense representa quase metade dos eleitores do arquipélago. PSD e CDS preparam nomes de peso para contrariar o independente apoiado pelo PS e Bloco de Esquerda.

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Rui Barreto será candidato à Câmara do Funchal pelo CDS PÚBLICO

Foi lado-a-lado com Assunção Cristas que Rui Barreto, líder do grupo parlamentar do CDS na Madeira, formalizou a sua candidatura à Câmara Municipal do Funchal. Barreto, um dos actuais pesos-pesados do partido, que ficou conhecido no plano nacional por ter votado contra o Orçamento de Estado quando Paulo Portas estava no governo, é o mais recente nome lançado para o Funchal, onde as principais forças políticas do arquipélago apostam quase todas as fichas nas eleições autárquicas do próximo ano.

Tradicionalmente a capital madeirense sempre concentrou o interesse dos partidos regionais em ano de eleições autárquicas, mas em 2017, com um pronunciado equilíbrio de forças, bem patente no parlamento regional. Aí, o PSD garantiu no ano passado a maioria absoluta por apenas um deputado, razão pela qual o município se reveste de especial importância para a matemática política do arquipélago.

O facto de o CDS ter juntado três centenas de militantes no jantar-comício em que anunciou a candidatura de Rui Barreto ao Funchal, com Assunção Cristas a apadrinhar, não surpreendeu ninguém. “Acredito que o Funchal pode ter uma melhor governação, anuncio-vos que serei candidato à Câmara”, disse o líder parlamentar dos centristas, depois de anunciar que estará na “primeira linha” do combate autárquico do próximo ano.

Rubinal Leal pelo PSD

Também o PSD se prepara para apresentar um rosto forte para a capital madeirense. Miguel Albuquerque tem vindo nas últimas semanas a desdobrar-se em encontros com militantes, pedindo a mobilização do partido para as próximas eleições. O objectivo é ganhar a maioria das autarquias e recuperar o controlo da Associação de Municípios local, depois do desastre de 2013 em que, ainda com Alberto João Jardim aos comandos, a oposição conquistou sete das 11 autarquias madeirenses.

O nome que tem sido mais falado, mas ainda não confirmado, é o de Rubina Leal. A actual secretária regional da Inclusão e dos Assuntos Sociais é uma figura bastante consensual dentro do partido, e granja simpatias junto do eleitorado. Tem experiência autárquica, pois fez parte da equipa de Albuquerque quando este liderou a câmara do Funchal, e tem tido um papel bastante activo na resposta às famílias afectadas pelos incêndios do último Verão.

Pela frente, Rui Barreto e Rubina Leal terão Paulo Cafôfo. O independente que há três anos conquistou a capital madeirense ao PSD, à frente de uma coligação de partidos encabeçada pelo PS e apoiada pelo Bloco de Esquerda, MPT, PAN, PTP e PND é candidato a mais um mandato, novamente com o apoio de socialistas e bloquistas. O anúncio foi feito por António Costa que em Junho, no encerramento do XXI Congresso do PS, elogiou a governação funchalense.

A coligação Mudança, foi uma criação da anterior direcção do PS-Madeira, que caiu em resultado da derrota nas regionais de 2015. A actual, encabeçada por Carlos Pereira, não é próxima de Cafôfo mas face aos resultados e à popularidade do autarca tem estado ao lado desta solução. Comprometido está também o Bloco, mas a Mudança perdeu pelo caminho dois apoios de peso: o PTP do populista José Manuel Coelho e o PND de Gil Canha, ex-vereador de Cafôfo, que bateu com a porta seis meses depois de ter sido eleito, depois de este lhe ter retirado competências.

Ambas as forças políticas – o PND foi entretanto extinto por ordem do Tribunal Constitucional, por ter falhado na apresentação de contas durante três anos consecutivos – vão mesmo avançar com uma candidatura. Gil Canha anunciou recentemente essa intenção aos microfones da RDP-Madeira, sem precisar a forma como a ideia será formalizada.

“Estamos a preparar uma lista, vamos ver agora se algum partido a apoia”, disse o também deputado no parlamento madeirense, explicando que Edgar Costa, do PTP, que também abandonou na mesma altura a equipa de Cafôfo, fará parte da lista. O interesse de ambos, adiantou Gil Canha, um dos mentores do projecto por detrás do PND que nos últimos anos do jardinismo celebrizou-se por acções irreverentes como a invasão ao Jornal da Madeira, é ir a votos integrados numa coligação.

Nas autárquicas de 2013, a Mudança venceu com 39,22%, seguido do PSD (32,43%), CDS-PP (14,55%) e CDU (8,37%).

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