BE critica "cultura da retenção" em Portugal

Joana Mortágua defendeu que não se deve entrar numa " luta para ver quem é o responsável por estes resultados" do PISA.

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Joana Mortágua criticou também o ensino vocacional, que descreveu como um gueto Miguel Manso

A deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, criticou nesta terça-feira a "cultura da retenção" de alunos em Portugal e aquilo que considera ter sido a criação de "guetos educativos" pelo anterior ministro da Educação, Nuno Crato.

A parlamentar bloquista comentava, no parlamento, o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla em inglês), estudo internacional que avalia os conhecimentos dos alunos de 15 anos em Matemática, Leitura e Ciências.

"Confirma-se a tendência de 16 anos em Portugal de ir melhorando nos resultados internacionais. Qualquer reforço positivo é um indicador positivo e temos de ficar contentes. Agora, não devemos entrar numa luta para ver quem é o responsável por estes resultados", alertou.

Joana Mortágua referiu-se à "dualização precoce do ensino" iniciada pelo Governo PSD/CDS-PP, através da vertente "vocacional profissionalizante", para a qual foram sendo encaminhados, "desde os 12 ou 13 anos, aqueles que tinham um mau desempenho escolar, ou seja, retirados do sistema e da amostra representativa do universo para o PISA".

"Houve um aumento da selectividade do sistema e um encaminhamento para guetos educativos de cerca de 20 mil alunos no básico, outros 20 mil no secundário, afastados do ensino regular", condenou.

Joana Mortágua lembrou também que  Portugal tem "uma taxa de retenção que é o dobro da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e os alunos que chumbam têm resultados piores".

"Metade foi ficando pelo caminho e tinha resultados piores. Tem de ser analisada e combatida a cultura de retenção em Portugal. Se formos ver, a maioria dos alunos não apanhou algumas das reformas mais emblemáticas de Nuno Crato, por exemplo os exames precoces ou reformas curriculares, portanto seria espúrio tentar dizer de quem é o mérito, a culpa, de qualquer resultado em que se cruzam políticas educativas", afirmou.

 

        

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