Marcelo defende maior cooperação entre Portugal e Espanha

Presidente da República fugiu ao protocolo e falou de improviso para uma plateia de 200 convidados para dizer o que lhe ia "no coração".

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Marcelo furou as regras do protocolo que determinam que todas as intervenções sejam escritas Estela Silva/Lusa/pool

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou nesta terça-feira, no Porto, que “é possível” Portugal e Espanha irem mais longe nas suas relações e que os reis de Espanha, que se encontram em visita de Estado a Portugal, podem contribuir para esse “desafio conjunto”.

“É possível ir mais longe nas relações entre as nossas economias, entre os nossos Estados e entre os nossos povos e vossas majestades contribuem para esse desafio conjunto”, afirmou o Presidente da República, desafiando os monarcas espanhóis e todos os convidados num almoço oferecido pelo autarca do Porto, Rui Moreira, a brindarem, a partir do Porto, “à prosperidade e à fraternidade entre Portugal e Espanha”.

Num discurso de improviso, Marcelo assumiu que estava a ir ao arrepio do que manda o protocolo, que impõe intervenções escritas, porque a sua intenção, conforme fez questão de vincar, “é falar sobre o que vai no coração” e daí partiu para partilhar a “admiração antiga” que tem pelos reis de Espanha. E congratulou-se pelo facto de “pela primeira vez, uma visita de Estado ter começado no Porto”.

Felipe VI e Letizia Ortiz estão,em Portugal até quarta-feira, a convite do Presidente da República que, no seu discurso no salão árabe do Palácio da Bolsa do Porto, sublinhou a forma calorosa como os portuenses receberam os reis do país vizinho. Marcelo puxou pelos valores do Porto, uma cidade de “gente trabalhadora e laboriosa, que olha para o futuro com orgulho e determinação”. “Vossas majestades entraram no coração dos portuenses e vão estar sempre no coração dos portuenses”.

Num registo de grande afectividade para com os seus convidados, o Presidente da República enalteceu o “simbolismo” do salão árabe para dizer: ”Aqui, neste salão árabe, celebra-se a singularidade da nossa relação, singularidade na cultura, na sociedade, na economia e na política”.

Também Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, destacou as relações entre os dois países. ”É indispensável intensificar a nossa cooperação entre as empresas (…), através de fluxos de comércio, investimento e turismo, projectos conjuntos e parcerias de internacionalização”, defendeu, pedindo “alianças estratégicas na indústria, na digitalização da economia e na logística”.

O autarca portuense comparou o comportamento das exportações na década de 80 em que “Espanha recebia 4% das exportações portuguesas e apenas 7% das nossas importações provinham de Espanha” com a realidade actual. “Hoje Espanha é o nosso principal cliente e fornecedor externo, representando 20,5% das nossas exportações e 31% das nossas importações”. “Portugal é também um importante fornecedor e cliente de Espanha, com mais de 6000 empresas portuguesas a exportar para o mercado espanhol”, disse.

O rei de Espanha, Felipe VI voltou a elogiar a transformação e o dinamismo da região Norte, em particular do Porto, expressando a certeza de que “já é possível vislumbrar o fim da crise económica”. “Há quatro anos e meio tivemos oportunidade de visitar Portugal como príncipes das Astúrias. Então, a crise económica afectava gravemente os nossos cidadãos e hoje, graças às reformas levadas a cabo pelos respectivos governos – e ao vosso esforço, tenacidade e sacrifícios – começamos a vislumbrar o final da crise económico”.

No almoço, oferecido pelo presidente da Câmara do Porto, e que encerra a visita dos reis de Espanha ao Porto e ao Norte, participaram duas centenas de pessoas, na sua maioria empresários dos dois países.

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