Auxiliares de memória

Atom Egoyan já foi um cineasta interessante, mas O Número confirma que deixou de o ser.

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Christopher Plummer é absolutamente impecável num papel bastante ingrato
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Foi o próprio realizador Atom Egoyan quem chamou a O Número de “thriller geriátrico”. Nós vamos mais longe e chamar-lhe-emos um Memento geriátrico, visto que, tal como no filme de 2000 que celebrizou Christopher Nolan, tudo gira à volta de um homem sem memória que busca resolver um mistério - aqui um sobrevivente de Auschwitz com 90 anos interpretado por Christopher Plummer, recém-viúvo e com avançada demência, que foge do lar onde mora para procurar pelo continente americano o oficial das SS que ordenou a morte da sua família. Nem faltam os “auxiliares de memória” - aqui a carta de um residente do lar (Martin Landau), também ele sobrevivente de Auschwitz, que planeou toda a viagem – nem o constante “recomeçar do zero”, sempre que Zev acorda numa cama diferente e procura recordar-se do que está ali a fazer.

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Mas as comparações com o filme de Nolan apenas menorizam ainda mais o filme de Egoyan, cineasta que deixou a singularidade de títulos como O Futuro Radioso (1997) dissolver-se aos poucos numa banal modorra de “cinema médio”, acomodado e sem rasgos de inspiração. O realizador canadiano continua a valorizar os actores – Plummer é, aliás, absolutamente impecável num papel bastante ingrato – mas a premissa intrigante de O Número nunca encontra equivalente na trivialidade da encenação, confirmando a descaracterização da obra de Egoyan de há uns anos para cá.

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