Tecnologia aproxima avós sozinhos e netos emigrados de Vila Pouca de Aguiar

Projecto vai abranger cerca de três mil seniores do concelho e visa "quebrar o isolamento dos mais idosos e aproximar as famílias".

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Câmara de Vila Pouca de Aguiar está a preparar equipa multidisciplinar para dar apoio ao domílicio a seniores, no âmbito do projecto ENRIC VIVES-RUBIO

Vila Pouca de Aguiar está a implementar um projecto que visa aproximar famílias e pôr os idosos que vivem isolados a falar com os filhos e netos emigrados através de videochamadas possibilitadas pelas novas tecnologias.

O projecto "Aproximar avós e netos aguiarenses" está a ser dinamizado pela Junta de Sabroso de Aguiar com o apoio da Associação Leque e a Câmara de Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real. O objectivo é, segundo afirmou à agência Lusa o presidente da Junta, Filipe Serôdio, "quebrar o isolamento dos mais idosos e aproximar as famílias".

Irene e Antero Carvalho, ambos com 70 anos, foram dos primeiros a ir à sede desta freguesia para falarem e verem a filha e as netas que vivem no Estado de Nova Iorque, nos EUA. A videochamada foi feita através da rede social Facebook, naquela que foi a primeira vez que o casal teve contacto com esta tecnologia. "Assim conseguimos ver a minha filha e falar. Fiquei muito emocionada. Não as víamos desde Agosto. O meu coração foi-se muito abaixo com as saudades", contou Irene Carvalho.

Também Palmira Fernandes, 78 anos, aproveitou a oportunidade para falar com o filho, a nora e ver a netinha, que vivem na Suíça e só regressam à terra natal no próximo Verão. "A gente telefona mas assim é diferente. Vê-los assim ao vivo é diferente. Gostei muito de os ver. Foi uma alegria", salientou.

Esta "experiência piloto" decorre na sede da junta mas a ideia é, segundo Filipe Serôdio, que a equipa multidisciplinar que está a ser constituída para dar corpo ao projecto se desloque às casas dos seniores, principalmente das que têm mobilidade reduzida.

O presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, referiu que espalhados pelo concelho existem cerca de três mil idosos, quase todos com familiares no estrangeiro. A ideia é, de acordo com o autarca, replicar o projecto por todo o concelho e fazer "milhares de pontes que liguem as famílias".

Alberto Machado lembrou que muitos dos mais velhos nunca tiveram contacto com este tipo de tecnologias, agora tão comuns entre os mais novos. O autarca apelou aos familiares que residem no estrangeiro para se inscreverem no projecto, através do site do município, de forma a facilitar o contacto.

Em Vila Pouca de Aguiar está a ser replicado o projecto premiado da Associação Leque – Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Necessidades Especiais.

A fundadora da Leque, Celmira Macedo, lembrou que a iniciativa arrancou em Alfândega da Fé, depois Miranda do Douro, Vimioso, todos no distrito de Bragança, e agora chegou a Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real. A responsável afirmou que o projecto "está a ter um impacto brutal", possibilitando já o contacto com emigrantes em 20 países. "O impacto que tem a nível emocional é esmagador. Nós queremos intervir nos idosos que estão em situação de isolamento", frisou.

No entanto, para além de estarem sozinhos, alguns possuem também problemas de saúde que podem ter detectados pelos técnicos quando se deslocam às suas casas para fazerem as ligações. "Nesse aspecto já conseguimos reabilitar alguns a nível da fisioterapia, terapia da fala, a nível motor ou encaminhar para consultas médicas", salientou.

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