Seis das 22 mulheres assassinadas este ano foram mortas pelos filhos ou netos

Uma das vítimas tinha menos de 17 anos, mas a maioria (45%) tinha mais de 65 anos.

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Em 64% dos casos, a vítima tinha uma relação de intimidade com o agressor DAVID CLIFFORD/arquivo

Seis das 22 mulheres assassinadas este ano foram mortas pelos filhos ou netos, mas a maioria dos homicidas continuam a ser os maridos, companheiros ou namorados, segundo dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) divulgados nesta quarta-feira.

Dez destas mulheres foram "barbaramente assassinadas por espancamento, estrangulamento, agressão com objeto e violação", descreve o relatório do observatório da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que sublinha que na sequência dos 22 homicídios 32 crianças e jovens ficaram órfãos de mãe.

Divulgado na véspera de se assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre a Mulher, o relatório, baseado nos crimes noticiados pela imprensa, revela ainda que 23 mulheres foram vítimas de tentativa de homicídio, entre 1 de Janeiro e 20 de Novembro.

Em média, foram verificados dois homicídios por mês, sendo que 45% das vítimas (dez) tinham mais de 65 anos, 23% (cinco) entre os 36 e 50 anos e 14% (três) entre os 24 e os 35 anos.

Uma das vítimas tinha menos de 17 anos e outras duas tinham idades entre os 18 e os 35 anos, adiantam os dados avançados à agência Lusa.

Quanto à idade dos agressores, o relatório indica que a maioria (42%) tem entre os 51 e os 64 anos e 26% entre os 36 e os 50 anos. Já três homicidas (16%) têm mais de 65 anos.

Em 64% dos casos, a vítima tinha uma relação de intimidade com o agressor.

Analisando a motivação do crime, a UMAR verificou que nove mortes ocorreram num contexto de violência doméstica e seis deveram-se ao facto de o agressor não aceitar a separação, a ciúmes e para evitar que a vítima testemunhasse contra o agressor. A compaixão pelo sofrimento da vítima foi identificada como motivo para um dos crimes e a psicopatologia do homicida para três.

Os dados revelam ainda que sete mulheres foram assassinadas com arma de fogo e quatro com arma branca. Quatro foram espancadas, três estranguladas, duas agredidas com um objeto e uma violada.

Em oito dos 22 homicídios, a medida de coação aplicada foi a de prisão preventiva, noutro foi decidido o internamento hospitalar. Houve sete homicidas que se suicidaram. Nos restantes três casos, não houve informação disponibilizada. O relatório sublinha que os assassinatos foram cometidos por 19 agressores, uma vez que um dos homicidas matou duas mulheres e outro três.

A maioria dos crimes (19) ocorreu em casa, referem os dados, acrescentando que o maior número de homicídios registou-se nos distritos de Lisboa (quatro), Porto (três) e Coimbra (três).

Relativamente às 23 tentativas de homicídio, o relatório indica que a maioria das vítimas (13) tinha mais de 24 anos, com especial incidência nos grupos etários 36-50 anos e mais de 65 anos, com quatro vítimas cada.

A UMAR sublinha que, 2016, "anuncia, até à presente data, um menor número de registos de femicídio" consumado e tentado, se comparado com períodos homólogos anteriores, com exceção do ano de 2007", que teve igual número de homicídios. Contudo, diz que ainda não é possível concluir uma tendência de diminuição quanto à ocorrência destes, devido à constatação verificada ao longo dos últimos 12 anos do observatório, de que "anos de diminuição de registos são contrastados com anos de aumento".

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