Euribor não muda rumo por causa de Trump

Mercados estão à espera de prolongamento das políticas expansionistas por parte do BCE.

Foto
Mario Draghi tem dado sinais de que não irá recuar na sua política AFP/FREDERICK FLORIN

As taxas de juro do Banco Central Europeu já pouco espaço têm para descer. A economia europeia dá sinais de que, pelo menos, conseguiu estabilizar, e nos Estados Unidos a Fed já deixou claro que se prepara para tornar a sua política menos expansionista. Mas tudo isto não é ainda suficiente para inverter a tendência de descida das taxas de juro de curto prazo na zona euro, continuando-se a adivinhar novos recordes mínimos em todos os prazos.

Na Euribor a seis meses, uma das referências mais usadas pelos portugueses nos seus contratos de empréstimo para compra de casa, registou-se descidas consecutivas no valor fixado no mercado durante a última semana. Este indicador já se encontra nos -0,219%, resultado de uma queda regular e progressiva, praticamente sem interrupções. No início deste ano, a taxa estava próximo de 0%.

A principal explicação para que a Euribor continue a descer está no facto de se estar à espera – com uma convicção cada vez mais forte – que o BCE venha a anunciar brevemente um prolongamento do seu programa de compra de activos. A aquisição de títulos de dívida pública e empresarial num montante de 80 mil milhões de euros ao mês está prevista terminar em Março do próximo ano, mas a generalidade dos analistas acredita que o banco central não terá outra hipótese que não seja adiar a data agendada para o fim do programa.

A mais recente descida da Euribor – que é a média das taxas praticadas nas operações realizadas entre os bancos da zona euro – é a resposta aos sinais que têm vindo a ser dados pelos responsáveis do BCE nos últimos dias. Na segunda-feira, numa audição no Parlamento europeu, Mario Draghi disse que o banco central a que preside "está comprometido em preservar o nível muito substancial da política monetária acomodatícia, que é necessária para assegurar uma convergência da inflação" para os objectivos definidos pelo BCE: uma inflação abaixo mas próxima dos 2%.

Este tipo de declarações veio confortar os investidores que temiam que as mudanças no ambiente do mercado trazidas pela eleição de Trump, nomeadamente o reforço da expectativa de aumento das taxas de juro da Reserva Federal e a depreciação do euro face ao dólar, poderiam reduzir a vontade do BCE para manter e reforçar os seus estímulos.

Para o futuro, contudo, a volatilidade que se verifica nos mercados e a incerteza a que também se assiste a nível político na Europa tornam ainda mais difícil do que o habitual realizar previsões seguras em relação à evolução da política do BCE e das taxas de juro na zona euro.

Sugerir correcção
Comentar