Governo quer cativar estrangeiros para explorarem monumentos públicos

Programa que entrega a privados a exploração para fins turísticos de imóveis degradados do Estado vai ser divulgado num road show internacional.

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Pedro Cunha

O Governo prepara-se para organizar, no próximo ano, um road show para divulgar a investidores estrangeiros o programa Revive, que prevê a concessão a privados de património do Estado, em degradação, para fins turísticos. Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, adianta que já recebeu vários pedidos de informação de investidores estrangeiros interessados nos imóveis, nomeadamente do Brasil e dos Estados Unidos. Para já são apenas pedidos de informação, afirmou.

“Tem sido um processo muito interessante na mobilização das entidades públicas para identificarem imóveis que não estão a ser usados e devem ser colocados nestes programa para serem transformados em activos económicos. E também na criação de vontade de investidores estrangeiros interessados em investir em Portugal”, disse, revelando que o Governo está a preparar um road show no próximo ano para divulgar o programa Revive nos mercados internacionais.

À margem do congresso da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que decorre nesta sexta-feira em Ponta Delgada, Ana Mendes Godinho revelou ainda que o Governo vai lançar, até ao final do ano, mais um concurso para concessionar a privados a exploração de património do Estado. Além do novo concurso, serão divulgados mais imóveis, além dos dez já conhecidos do programa Revive.

“Tem sido um processo muito exigente mas muito interessante. Temos já dez imóveis divulgados dos 30 [que estão incluídos no programa]. Vamos divulgar até ao final do ano mais imóveis”, afirmou. O primeiro concurso terminou com a concessão ao grupo Vila Galé do Convento de São Paulo em Elvas, que foi a última morada da Ordem de São Paulo, cuja construção decorreu entre 1679 e 1721. Ana Mendes Godinho revelou ainda que o projecto de requalificação está em fase de elaboração, em parceria com a Direcção-geral do Património.

“Os concursos serão lançados um a um, cada imóvel terá o seu concurso, em função das suas características específicas. Quisemos envolver as câmaras municipais, a Direcção Geral do Património Cultural e a Direcção do Tesouro e Finanças para definir, imóvel a imóvel, qual a área que pode ser colocada a concurso e quais os usos permitidos, para garantir que estamos a olhar para cada imóvel como peça única que é”, sublinhou.

Na primeira fase do Revive foram divulgados onze imóveis, mas o Forte de Peniche foi, entretanto, retirado da lista. O Bloco de Esquerda lançou críticas à concessão do forte para a construção de um hotel, argumentando que coloca em causa “a memória de luta pela democracia que representa”. Aliás, o BE, na voz de Catarina Martins, já veio defender a suspensão de “todos os processos de concessão de património, até que todo o processo seja público”, como os cadernos de encargos. “O património é a nossa memória. Não podemos aceitar que o Ministério da Economia, o Turismo, ache de repente que aquilo que é a nossa memória está à disposição de qualquer negócio", salientou recentemente a porta-voz do BE, citada pela Lusa. O PÚBLICO viajou a convite da AHP

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