Europeus consideram que os media estão dependentes da política e da economia

Estudo revela que portugueses são dos que consideram que a sua comunicação social tem maior diversidade de opinião e dos que mais confiam na independência dos media em relação aos poderes político e económico, incluindo os do serviço público.

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Em Portugal, o nível de confiança nos media é superior Diogo Baptista

A maioria dos europeus (57%) considera que a comunicação social do seu país não é livre nem independente dos poderes político e económico, e que essa situação piorou nos últimos cinco anos, mostra o último estudo do Eurobarómetro dedicado ao “pluralismo dos meios de comunicação e a democracia”.

Com quase 28 mil entrevistas pessoais realizadas nos 28 Estados-membros entre 24 de Setembro e 3 de Outubro, o estudo deixa um cenário preocupante sobre a independência da comunicação social ao nível europeu, mas os dados revelam que em Portugal se acredita mais que a informação veiculada por este sector é de confiança (73%) do que acontece na média dos outros países da União Europeia (53%).

Os países que mais confiam na credibilidade da informação dos seus media são a Finlândia (88%), Dinamarca e Suécia (77%), Holanda e Portugal (73%), Alemanha e Áustria (72%). Os países que menos confiam na veracidade da informação da sua comunicação social são a Grécia (26%), França (34%), Espanha (38%), Reino Unido, Hungria, Malta e Polónia (44%).

E os países que consideram que a comunicação social se deixa pressionar pelos sectores político e económico, também dizem que essa falta de independência em relação ao poder político é ainda mais significativa nos media do serviço público.

Em Portugal o cenário não é tão crítico: enquanto, em média, 57% do total dos europeus inquiridos dizem que a informação veiculada pela comunicação social (do seu país) está sujeita a pressão política ou comercial, só 45% dos portugueses pensam isso e 47% dizem que a informação, seja veiculada pelos media privados ou públicos portugueses, é independente. Mas 60% dos europeus consideram que o serviço público de comunicação social do seu país está sujeito à pressão política.

O estudo mostra, no entanto, que há uma opinião dual acerca do pluralismo e da liberdade de imprensa na União Europeia. Porque ao mesmo tempo que a maioria dos europeus respondeu que, em média, a comunicação social não é livre nem independente, também houve uma maioria que disse os media do seu país apresentam, no entanto, uma pluralidade de pontos de vista e opinião.

Rádio é o media mais confiável
Em 25 dos 28 países analisados, a rádio é considerada o meio de comunicação social mais confiável. Portugal também segue essa tendência internacional. Dois terços dos europeus (66%) e quatro quintos dos portugueses (80%) consideram a rádio um media fiável; 55% dos europeus e 70% dos portugueses acreditam na fiabilidade da imprensa; 55% dos europeus e 78% dos portugueses responderam que a TV é um meio de comunicação fiável. Um outro estudo, divulgado no Verão, tinha sugerido um resultado idêntico.

Abaixo da linha de água estão os chamados media sociais (redes sociais como Twitter e Facebook, bloques, sites de alojamento de vídeos como o YouTube): só um terço dos europeus e 38% dos portugueses dizem ser fiáveis, enquanto 55% dos europeus e 41% dos portugueses respondem que não são fiáveis.

De um modo geral, os países que mais confiam nos media tradicionais (rádio, TV e imprensa) são os que consideram os novos media “não confiáveis”.

Reguladores dos media quase desconhecidos
Outra intenção do estudo foi saber qual a percepção que os europeus têm da existência e actuação dos reguladores do sector audiovisual, entidade que existe em todos os Estados-membros – em Portugal é a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Apenas um em cada cinco inquiridos sabia que o seu país tem uma entidade destas e em Portugal 70% dos inquiridos disseram desconhecer a existência da ERC. E um em cada dez que sabia da sua existência não foi capaz de dizer o nome correcto.

Além disso, os portugueses têm uma opinião mais negativa do que positiva sobre a independência da ERC relativamente a pressões políticas, governamentais ou comerciais: 40% dos inquiridos disseram que o regulador não é livre e independente, 24% não sabem e só 36% acreditam na sua liberdade. 

 

 

 

 

 

 

 

 

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