ZZYZX é o último lugar do mundo e o melhor fotolivro do ano

Prémio atribuído pela Paris Photo e Aperture Foundation.

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ZZYZX (MACK, Londres)
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Wojciech Zamecznik: Photo-graphics (Fundacja Archeologia Fotografii, Varsóvia)

A misteriosa e inquietante série de imagens publicada em ZZYZX (MACK, Londres) valeu ao fotógrafo norte-americano Gregory Halpern (1977, Buffalo) o prémio de fotolivro do ano, distinção atribuída desde 2013 pela Paris Photo em parceria com a Aperture Foundation. Entre 2008 e 2015, Halpern fotografou Los Angeles e arredores, revelando núcleos sociais em desagregação e paisagens desoladoras. Começou esta longa viagem algures numa estrada na zona Este de LA, no deserto, entrou na cidade e acabou na costa do Pacífico. O resultado é um livro que dispensa as palavras e que foge da imagética canónica de viagem nos Estados Unidos. Ao longo do livro, que o júri de selecção descreveu como “sincero, honesto e nunca sentimental”, sucedem-se retratos e paisagens numa aparente harmonia que, ao mesmo tempo, revelam um espaço de caos, paradoxo e redenção. “A grande fotografia é o árbitro final”, disse o fotógrafo inglês Paul Graham a propósito de ZZYZX (nome de uma localidade nos limites do deserto de Mojave no condado de San Bernardino, famosa por ser o último local do mundo pela ordem do alfabeto latino).

Gregory Halpern passou um ano a preparar o livro contando com a ajuda de Michael Mack (mentor da MACK) e do fotógrafo Jason Fulford (fundador da editora J&L Books e co-autor com Halpern de The Photographer's Playbook: 307 Assignments and Ideas, Aperture, 2014). Apesar de não haver na obra nenhuma indicação óbvia de que existe uma sequência geográfica (“mais ou menos de Este para Oeste”), o fotógrafo apontou, em entrevista à revista Time, essa organização como um trunfo na tentativa de criar “a sensação de estar a ser levado numa viagem”. "O espaço no livro pode ser lido como mitológico e o tempo como bíblico.” Na mesma conversa com a Time, Halpern afirma que este trabalho é “simultaneamente o mais triste e o mais absorto” do que alguma coisa que tenha feito antes. “Gosto de me empenhar num projecto até ficar cansado dele – dessa maneira sei que levei o trabalho ao limite do que consigo fazer”.

ZZYZX é um fotolivro carregado de pessoas que parecem perdidas no espaço, abandonadas. Halpern fez questão de se referir a elas, num tempo em que captar fotografias com pessoas nos EUA se tornou um exercício hercúleo (legislações restritivas e proibitivas, pessoas cada vez mais desconfiadas com os usos das imagens). “Estou em dívida para com as pessoas que me deixaram fotografá-las porque arriscaram, mostraram generosidade, vulnerabilidade e confiança, estando ela garantida ou não. O que me interessa nos retratos é a sua complexidade, o seu mistério e a sua volatilidade.”

O prémio para melhor primeiro fotolivro (o único com um valor pecuniário, 10 mil dólares/9,2 mil euros) foi para Michael Christopher Brown por Libyan Sugar (Twin Palms Publishers, Santa Fe), uma obra sobre a crise líbia de 2011 que levou à capitulação de Muhamar Khadafi. Para o galerista alemão Thomas Zander, Libyan Sugar “é um livro impressionante” e que “transmite a sensação de estar a acompanhar a guerra com o fotógrafo”. A fotógrafa, curadora, designer e editora alemã Katja Stuke fala numa “forte combinação entre o [trabalho] pessoal e o fotojornalístico”.

As investigadoras e curadoras polacas Karolina Puchala-Rojek e Karolina Ziebinska-Lewandowska foram as autoras do melhor catálogo de uma exposição de fotografia com Wojciech Zamecznik: Photo-graphics (Fundacja Archeologia Fotografii, Varsóvia), naquela que é a primeira compilação aprofundada do trabalho Wojciech Zamecznik, designer gráfico, arquitecto, fotógrafo e designer de interiores. “Uma verdadeira descoberta”, disse a curadora francesa Agnès Sire.

O júri decidiu ainda atribuir uma menção especial a Taking Stock of Power: An Other View of the Berlin Wall (Hatje Cantz, Ostfildern), de Annett Gröschner e Arwed Messmer. A obra, em dois volumes, tem como base um espólio de fotografias panorâmicas tiradas por membros das patrulhas de fronteira da Alemanha de Leste que tinham como objectivo documentar os pontos fracos do Muro de Berlim que separava as duas alemanhas. Essas imagens ficaram perdidas nos arquivos federais e nunca chegaram a ser revelas dos negativos. Mais de 50 anos depois, Gröschner e Messmer deram-lhe uma nova vida complementando-as com mapas e textos.

Os livros que fizeram parte da shortlist deste ano foram escolhidos por Christoph Wiesner (director artístico da Paris Photo), Lesley A. Martin (director criativo da secção de livros da Aperture Foundation e director da The PhotoBook Review), David Campany (escritor, curador e artista), Ann-Christin Bertrand (curador do C/O Berlin) e Rebecca Senf (curadora do Center of Creative Photography, Tucson, EUA).

A galeria de Madrid Ivorypress organizou uma exposição que envolve as 35 obras finalistas, que será inaugurada no dia 28 de Novembro. As publicações em livro serão acompanhadas por fotografias de Eamonn Doyle, Peter Puklus, Kate Stone, Hannah Schneider, Adam Golfer, Óscar Monzón, entre outros. 

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