Zuckerberg promete tentar eliminar fraudes e notícias falsas do Facebook

Fundador descarta responsabilidade da rede social na disseminação de notícias falsas e do impacto que estas tiveram no resultado das eleições norte-americanas

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Mark Zuckerberg lembra risco de utilizadores serem "juízes em causa própria" quando identificam conteúdo de que não gostam Reuters/STEPHEN LAM

Enquanto continua animada a discussão, nos Estados Unidos, acerca do impacto que pode ter tido a disseminação de notícias falsas nas redes sociais no resultados das eleições dos Estados Unidos, o fundador do Facebook usou a sua própria rede social para garantir que se vai empenhar em eliminar as notícias falsas e as fraudes do Facebook.

Numa “reflexão” que publicou na sua página pessoal, Marck Zuckerberg começa por dizer que 99% do conteúdo que é publicado no Facebook é verdadeiro, repetindo a recusa de que as notícias falsas possam ter servido para mudar o sentido de voto dos eleitores. Um dos casos polémicos foi a "notícia" de que o agente do FBI que tinha investigado o casos dos e-mails de Hillary Clinton tinha aparecido morto. Era falsa.

“Estou orgulhoso do papel que tivemos em dar às pessoas uma voz nesta eleição. (…) Ajudámos as pessoas a relacionarem-se com os candidatos, a ouvi-los directamente e a ficarem mais bem informados. Demos a dezenas de milhares de pessoas ferramentas para partilharem milhões de posts e reacções sobre esta eleição. Muito do diálogo que existiu poderia não ter acontecido se não existisse”, escreve.

Zuckerberg garante que “leva muito a sério estas questões” e que o Facebook está constantemente a estudar as tendências e a encontrar formas de garantir que dá aos seus utilizadores “conteúdo sério e relevante”. E no diálogo que estabeleceu com alguns dos seus seguidores, na caixa de comentários do texto que publicou este sábado à noite, continua a rejeitar as responsabilidades que tem, por exemplo, um órgão de comunicação social.

“O Facebook serve sobretudo para manter as pessoas ligadas, aos seus amigos e família. As notícias não são, sequer, a principal partilha que as pessoas fazem no Facebook, por isso acho forçado que insistam em comparar-nos com um órgão de informação e com a responsabilidade que ele tem”, argumenta Zuckerberg.

Mas mesmo negando essa responsabilidade – assumindo-se como um distribuidor de conteúdos mas sem responsabilidade no que é veiculado – Zuckerberg admite a importância de veicular “conteúdo relevante”. Por isso continua a procurar afincadamente a forma de o conseguir, antecipando, no entanto, que não será tarefa fácil.

“Já demos a possibilidade aos nossos utilizadores de assinalar fraudes e falsas notícias [“conteúdo inapropriado”]. E há algum caminho que ainda temos de percorrer. Porque identificar a 'verdade' pode ser complicado. Se há fraudes que são rapidamente detectadas, há uma grande porção de conteúdo, algum dele proveniente de fontes mainstream, que divulga informações verdadeiras mas com um ou outro pormenor falso. E há ainda mais casos em que é expressa uma opinião que outros discordam, e podem até sinalizar o conteúdo como incorrecto mesmo quando ele é factual”, recorda Zuckerberg. Um caso polémico deu-se quando o Facebook eliminou a famosa fotografia da criança vietnamita a fugir, nua, após a utilização de uma bomba de napalm.

“Estou confiante que poderemos encontrar uma forma de a nossa comunidade de utilizadores nos conseguir dizer qual é o conteúdo mais importante, mas temos de ir com muito cuidado para não passarmos a ser juízes em causa própria”.

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