Bispos dispostos a acompanhar Papa na integração de divorciados recasados

Numa conferência de imprensa após a 190.ª Assembleia Plenária da CEP o cardeal patriarca de Lisboa disse que está disponível para "caminhar com o Papa nesse sentido".

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Manuel Clemente referiu que “o caminho” será feito “com muita abertura e com vontade de o acertar com o santo Padre” nelson garrido

Os bispos portugueses estão dispostos a acompanhar a posição do Papa Francisco na integração de divorciados recasados, informou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Clemente.

“Estamos disponíveis para caminhar com o Papa nesse sentido [integração de divorciados recasados], mas dentro da nossa tradição evangélica e daquilo que Jesus Cristo diz tão taxativamente sobre o matrimónio”, afirmou Manuel Clemente, após a 190.ª Assembleia Plenária da CEP.

Numa conferência de imprensa onde não se comprometeu com qualquer posição, o cardeal patriarca de Lisboa apenas sublinhou que está disponível para acompanhar o percurso do Papa, no sentido da integração de divorciados recasados.

Na exortação apostólica “Amoris laetitia”, o Papa Francisco “diz que há uma série de exclusões que podem e devem ser revistas, atendendo à diferença de casos pessoais, mas ainda não explicitou quais”, referiu. “Os casos não são todos iguais e têm de ser acompanhados com discernimento e integração”, afirmou, esperando para “ver até onde isto nos pode levar”.

Sobre a posição do cardeal Lluís Sistach, que esteve presente na assembleia, e que aponta para uma teoria em que o discernimento poderá levar ao acesso aos sacramentos em determinados casos, Manuel Clemente referiu que “o caminho” será feito “com muita abertura e com vontade de o acertar com o santo Padre”.

“Aquilo que o papa admite, nós admitimos com ele”, resumiu.

Em Abril, o Papa pediu, na exortação apostólica “Amoris Laetitia” (“A alegria no amor”), que sejam evitadas posturas rígidas perante situações “familiares irregulares”, como a dos divorciados que voltaram a casar-se. Francisco apoiou a readmissão dos recasados nos sacramentos, mediante um processo de acompanhamento.

Nesta exortação sobre a família, indica “o caminho do discernimento”, ou seja, um padre deve identificar caso a caso “as situações irregulares”, como um casal de divorciados recasados, para que sejam readmitidos nos sacramentos.

“É importante que os divorciados que vivem uma nova união sintam que fazem parte da Igreja, que ‘não estão excomungados’, e não são tratados como tal, porque sempre estão integrados na comunhão eclesiástica”, defendeu Francisco.

No entanto, ao longo de 260 páginas dedicadas à família e ao casamento, não se refere directamente ao acesso à comunhão, uma das principais reivindicações dos católicos divorciados e que voltaram a casar-se pelo civil.

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