Há 300 mil jovens “nem-nem” — não estudam, nem têm trabalho

Número de jovens desempregados ou inactivos baixou face a 2015, mas aumentou na comparação entre trimestres este ano.

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Os “nem-nem” representam 13,3% dos 2,2 milhões de jovens dos 15 aos 34 anos Nuno Alexandre Mendes

O número de jovens que não estão empregados nem a estudar aumentou no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, em contraciclo com a redução global do desemprego no mesmo período. Há 301,7 mil jovens “nem-nem”, pessoas da faixa etária dos 15 aos 34 anos que estão desempregados ou contabilizados nas estatísticas como inactivos.

O aumento entre o segundo e o terceiro trimestre tem acontecido nos últimos anos e voltou a repetir-se em 2016, com um aumento de 11.700 mil pessoas, de 290 mil para 301,7 mil. É preciso ter em conta que os valores do INE não são ajustados de sazonalidade, estando em causa a comparação em cadeia entre o período que vai de Abril a Junho com os meses de Julho a Setembro, isto é, coincide com o período em que terminam os ciclos lectivos. Já quando se compara o número de jovens nesta situação com os valores de 2015, há uma descida, com menos 16.800 “nem-nem” do que no terceiro trimestre do ano passado.

O número de “nem-nem” aumentou nos jovens que completaram, no máximo, o 9.º ano (são 133 mil) ou o ensino secundário ou um curso de especialização tecnológica (109 mil). Já entre os jovens que acabaram o ensino superior, o número de “nem-nem” diminui (passando para 58,8 mil). Aliás, o maior aumento, detalha o INE, aconteceu entre os mais jovens, dos 15 aos 19 anos. Aqui, a taxa mais do que duplicou, “passando de 2,7% no segundo trimestre de 2016 para 5,9% no terceiro trimestre do mesmo ano”. O contrário aconteceu entre os jovens adultos dos 25 aos 34 anos que não tinham um emprego, nem estavam a estudar ou em formação. Aqui houve uma diminuição de 11,8 mil do segundo para o terceiro trimestre.

Os “nem-nem” representam 13,3% dos 2,2 milhões de jovens dos 15 aos 34 anos. Estatisticamente, são referidos pelo INE como os “jovens não empregados que não estão em educação ou formação” e referem-se às pessoas que em determinado período “não estavam empregados (isto é, estavam desempregados ou eram inactivos), nem frequentavam qualquer actividade de educação ou formação ao longo de um período específico (na semana de referência ou nas três semanas anteriores)”.

“Atendendo à importância” dos jovens nesta situação, o INE, ao divulgar os dados do desemprego do terceiro trimestre, deu a conhecer alguns números sobre esta realidade. O grupo de jovens “nem-nem” é composto “principalmente, por mulheres (52,6%; 158,6 mil), pessoas dos 25 aos 34 anos (58,8%; 177,3 mil), com um nível de escolaridade completo correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (44,1%; 133,1 mil) e desempregados (54,8%; 165,3 mil)”.

Mais 59 mil pessoas empregadas

Quanto aos dados globais do desemprego, os números do INE mostram uma redução da taxa trimestral para os 10,5%, depois de o desemprego ter descido para 10,8% nos meses de Abril a Junho.

Do total de pessoas que se encontravam desempregadas entre Abril e Junho, “39,6% saíram dessa situação no terceiro trimestre de 2016: 22,9% tornaram-se empregados e 16,7% transitaram para a inactividade”.

O desemprego de longa duração também diminui, mas ainda há 347.200 cidadãos fora do mercado de trabalho há 12 meses ou mais tempo.

Relativamente ao emprego, onde também se registou um aumento, o acréscimo em cadeia foi de 59 mil pessoas. E tanto aumentou o número de trabalhadores a tempo completo (são 4,1 milhões) como o de pessoas a trabalhar a tempo parcial (são 555.500).

As estatísticas do INE permitem ainda ver que, entre estes, há 213,1 mil subdesempregados. Este é o universo de cidadãos que, no inquérito do INE, declararam querer trabalhar mais horas e se mostraram disponíveis para isso no período de referência do inquérito ou nas duas semanas seguintes.

O subemprego de trabalhadores a tempo parcial diminuiu 3,1% em relação ao trimestre homólogo, o equivalente a 7000 indivíduos; em relação ao trimestre anterior diminuiu 5,3%, em 12.100 pessoas. Agora, “corresponde a 4,6% da população empregada total e a 38,4% da população empregada a tempo parcial (note-se que o número de trabalhadores a tempo parcial, no mesmo período, correspondia a 11,9% da população empregada total)”.

O INE explica que o aumento do emprego se deveu “tanto ao fluxo líquido positivo do emprego com a inactividade (o número de pessoas que transitaram do emprego para a inactividade foi inferior, em 20,3 mil, ao de pessoas que transitaram da inactividade para o emprego), como – e sobretudo – ao fluxo líquido positivo do emprego com o desemprego (38,7 mil)”.

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