A partir desta noite, o Sul passou de azul para vermelho

Os democratas estão em risco de extinção no Sul dos Estados Unidos

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AFP/Ty Wright

Os Democratas do Kentucky perderam o controlo da Câmara, um controlo que detinham há quase um século. Também perderam a última câmara legislativa do partido a Sul. A perda não foi de um dia para o outro, foi o resultado de um ano. Os Democratas mantinham a Câmara por um fio enquanto os Republicanos ganharam a maior parte dos restantes cargos do estado nas eleições de 2015.

A invasão do Partido Republicano foi liderada pelo Governador Matt Bevin, um empresário normalmente comparado a Donald Trump. E, ainda que tenha começado em desvantagem, tornou-se nada mais, nada menos no segundo Republicano a liderar o estado em quatro décadas. O nomeado do Partido Republicano ganhou o Kentucky com uma margem de mais de 60% dos votos. Os Republicanos do Kentucky controlam o poder legislativo e executivo do governo neste estado. Não têm oposição para aprovarem as leis conservadoras que na Câmara lhes foram negadas pelos Democratas. Estamos a falar das restrições ao aborto, dos limites à utilização de casas de banho por transgéneros ou o poder limitado dos sindicatos.  

Em 2010, os Democratas tinham uma vantagem de 65 para 35 na Câmara. Mas apesar de o Presidente Bill Clinton ter ganhado o estado duas vezes, o Republicano Mitt Romney ganhou o estado nas eleições presidenciais de 2012 e os candidatos do Partido Republicano levaram a melhor nas eleições do Senado em 2014 e nas corridas para governador de 2015, muitas vezes com margens confortáveis.

“O que fez o Partido Democrata pelos conservadores evangélicos brancos e pobres?” pergunta Farrier. “Quase nada. Para os conservadores evangélicos brancos e pobres, o Partido Democrata virou-lhes as costas em temas como a religião, as armas e os gays. E não o contrário.”

Também não ajudou que, durante os mandatos de Barack Obama, os Republicanos tenham dominado por completo a política do estado. No fim, controlaram uma das maiorias mais relevantes dos governadores, câmaras legislativas do estado (69 de 99) e o Congresso desde a Grande Depressão. Ainda que tal possa mudar esta noite, já que se espera que os Democratas aumentem o número de lugares. Mas não no Kentucky. Já não é o baluarte Democrata num Sul convervador. É o Sul conservador, um estado que é descrito hoje como o último a adaptar-se à nova realidade política: um país no qual os democratas dominam o Norte e os republicanos o Sul.

 

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