Missão ExoMars precisa de mais dinheiro para continuar

Destinada a procurar sinais de vida em Marte, missão tem um custo de 1500 milhões de euros. Depois da primeira etapa com um sucesso e um falhanço, são necessários mais cerca de 400 milhões para levar um robô ao planeta vermelho em 2020.

Foto
Director-geral da ESA, Jan Woerner, não exclui a hipótese de a missão ser anulada por falta de dinheiro REUTERS/Kai Pfaffenbach

Será que a Europa vai garantir meios para que a missão ExoMars 2020 continue, aceitando que terá de desembolsar mais dinheiro? A Agência Espacial Europeia (ESA) espera que isso aconteça, mas não exclui a possibilidade de o programa acabar por ser anulado por falta de financiamento suficiente dos seus Estados-membros.

A missão europeia e russa ExoMars 2020 prevê enviar um robô móvel ao planeta vermelho, para perfurar o solo marciano com o objectivo de tentar encontrar vestígios de vida passada.

Esta etapa da missão foi precedida pela ExoMars 2016, que se concretizou a 19 de Outubro, com a colocação em órbita de Marte da sonda TGO (Tras Gas Orbiter). Porém, na mesma altura, a ESA tentou também, sem sucesso, fazer aterrar com segurança o módulo Schiaparelli em Marte. O módulo de aterragem acabou por colidir no solo marciano. A ESA está ainda a investigar as causas deste incidente.

Na segunda-feira, Jan Woerner, director-geral da ESA, disse aos jornalistas que iria “propor a continuação” da missão ExoMars 2020 durante a reunião ministerial da ESA, que se realizará em Dezembro, em Lucerna, na Suíça. “Mas, para isso, precisamos de dinheiro”, afirmou.

Segundo a ESA, o custo das duas missões é actualmente de 1500 milhões de euros. Jan Woerner refere que ainda será necessário uma contribuição de “várias centenas de milhões de euros”. O montante em falta rondará os 300 a 400 milhões de euros.

A missão será revista em detalhe numa reunião especial com delegações de 22 países membros da ESA, a 21 e 22 de Novembro. “Espero que possamos convencer os Estados-membros a continuar”, disse Jan Woerner.

A missão “pode ser cancelada se os Estados-membros não estiverem prontos para resolver as questões financeiras ou se simplesmente decidirem abandonar o programa, porque enfrentam vários outros problemas”, avisou, referindo-se a custos relacionados com a crise de migrantes ou o aumento dos gastos com segurança. “Ficaria muito triste se tivéssemos de parar o programa. Ainda espero que seja possível continuar.”

O falhanço na aterragem do Schiaparelli não ajuda neste momento de decisão sobre a etapa de 2020 da missão ExoMars. É muito importante saber o que aconteceu e o que falhou especialmente, porque algumas das suas tecnologias serão usadas para o robô móvel.

“Temos já algumas pistas.” Num dos momentos, quando o módulo abriu o seu pára-quedas, “registou-se uma aceleração” inesperada,“que vamos ter de perceber”, disse Jan Woerner. “Além disso, os foguetes [que serviam para abrandar a velocidade do Schiaparelli no final da sua descida pela atmosfera até à superfície do planeta] trabalharam apenas durante três segundos”, acrescentou. “Isto ocorreu por causa de um problema de comunicação interna. O computador principal recebeu dados diferentes de várias fontes e decidiu desligar os foguetes. Isto pode ter acontecido por vários motivos, por exemplo, um problema de software.”

Até à reunião de 21 e 22 de Novembro, o director-geral da ESA espera saber mais sobre o que se passou de errado em Marte na primeira tentativa da agência espacial aterrar no planeta.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários