Jogo de nervos até ao fim

Na recta final da campanha, o intervalo que separa os dois candidatos presidenciais nas sondagens encurtou. A democrata mantém o favoritismo, mas a vitória do republicano não é impossível.

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Não existe consenso entre os especialistas, até porque o fenómeno é demasiado recente para permitir conclusões científicas sólidas, mas a convicção generalizada é de que as tendências apontadas pelo voto antecipado são um bom barómetro e geralmente coincidem com os resultados definitivos nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América. Por enquanto, a informação vinda dos estados onde é possível votar antes da data parece ser mais positiva para a candidatura de Hillary Clinton: mais de 34 milhões de pessoas já votaram (acima do total de 32 milhões de 2012) e são os eleitores do Partido Democrata, e em particular blocos fundamentais da “coligação eleitoral” de Clinton (sobretudo os hispânicos), que estão a ir às urnas em maior número.

A expectativa da campanha democrata é que, através do voto antecipado, Hillary Clinton possa arrecadar uma vantagem impossível de suplantar pelo seu adversário republicano Donald Trump na terça-feira – em estados como Nevada, Carolina do Norte e Florida, essa vantagem poderá ser a chave da eleição. Se não vencer na Florida, o republicano não tem maneira de chegar aos 270 votos do Colégio Eleitoral que são necessários para a vitória.

Nos dez estados “oscilantes”, onde o voto não está fixo num determinado partido e varia a cada ciclo eleitoral, o quadro eleitoral é complexo, já que a distância que separa Clinton e Trump inscreve-se dentro da margem de erro das sondagens. Numa campanha presidencial convencional, bastaria olhar para a tendência para tirar conclusões (Clinton seria a favorita, uma vez que lidera os inquéritos em mais estados ditos competitivos). Mas neste ano, que está a ser tudo menos ortodoxo, é preciso temperar todas as análises com uma dose q.b. de incerteza: recomenda a prudência que se espere pelos dados da participação na terça-feira para perceber quem está com a vantagem.

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A volatilidade expressa nas sondagens faz crescer a angústia dos comentadores políticos, e deixa os eleitores, e não só, à beira de um ataque de nervos – nesta sexta-feira, os mercados voltaram a reagir em baixa ao movimento das sondagens, assustados com a perspectiva de uma vitória de Donald Trump que, não sendo impossível, ainda é o desfecho mais improvável.

Vários factores explicam o actual grau de incerteza. Apesar de todos os estudos sugerirem que aqueles que votaram (ou tencionam votar) já escolheram o seu candidato e não mudarão de ideias, a parcela de americanos que ainda se manifestam nas sondagens como “indecisos” é maior em 2016 do que nas anteriores eleições: para que lado cairá o seu voto? Além disso, este ano a “ascensão” de candidaturas de partidos mais pequenos (Gary Johnson, pelos libertários, e Jill Stein, dos Verdes) torna mais imprevisíveis os cálculos sobre a concentração ou dispersão de votos.

Depois, também tem havido uma maior flutuação nas sondagens do que em anos anteriores. Convém explicar que os números que são divulgados diariamente (tracking polls) são muito reactivos – o principal interesse desta ferramenta é identificar tendências, recorrendo às médias calculadas por agregadores como o FiveThirtyEight, Upshot, RealClearPolitics ou Pollster.

As linhas revelam uma tendência de aproximação entre os dois candidatos, que era de esperar à medida que os indecisos fecham o seu apoio. Porém, a posição de Clinton e Trump não se inverteu nos últimos dias: a democrata, que desde Julho está à frente do republicano nas intenções de voto a nível nacional, mantém-se como a favorita, ainda que a margem que separa os dois cresça ou diminua conforme o modelo utilizado, entre 1,7% e 5,5%.

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